domingo, 7 de dezembro de 2014

Reviews: Resenha de " Sonic Highways"



   Após o ótimo e subestimado " Echoes, Silence, Patience and Grace" ( 2007) e o ganhador de grammys " Wasting Light" ( 2011), quando Dave Grohl anunciou que ele e sua trupe estavam preparando um disco, com participações especiais e gravações realizadas em oito cidades diferentes no Estados Unidos ( as gravações renderam filmagens para uma série de mesmo nome do álbum que vai ao ar pelo canal da HBO dos Estados Unidos), muitas expectativas foram geradas. Afinal, durante esse meio tempo, não faltaram aquelas alcunhas exageradas por parte da mídia, proclamando-os como salvadores do rock e bobagens afins.

   Se por um lado, " Sonic Highways" mostra um Foo Fighters mais pomposo,  elaborado e refinado do que de costume, com canções marcadas por uma duração mais longa e até mudanças de andamento pouco usuais dentro de seu estilo, o trabalho parece carecer de feeling e energia que sempre foi o grande trunfo da banda.


   O álbum se inicia com o single " Something From Nothing", gravado em Chicago. Uma música com introdução serena, que lá pelo seu 1 minuto e meio vai ganhando uma interessante levada swingada e grooveada. Bem trabalhada, ela vai crescendo até ganhar peso e velocidade em seu final, numa fúria metal com os gritos de Dave Grohl e o talentoso baterista Taylor Hawkins "quebrando tudo". Uma excelente e surpreendente abertura do trabalho, com citações na letra a mestres do Blues de Chigago, como Muddy Waters. Porém, infelizmente ela passa uma falsa expectativa do que vem adiante.

   " The Feast and Famine" e " Congregation" parecem lembrar o Foo Fighters mais punk ou com  o apelo comercial mais forte da época do " There is Nothing Left To Loose"( 1999). A primeira faz referência ao hardcore de Washington, mas carece da energia e do feeling que o estilo pede, sendo uma canção inssossa, que passa completamente batida. Com " Congregation", não é muito diferente. De melodia bastante previsível, ela somente surpreende pela mudança de andamento em seu interlúdio, com um interessante dedilhado de guitarra, enquanto a guitarra base de Dave Grohl entra com distorção, levando a canção a ganhar um plus de agressividade. Porém, a ducha de água fria vem adiante, quando voltamos ao lugar comum do refrão grudento e sem graça.

   Gravada em Austin, Texas, " What Did I do/ God As My Witness" nos remete ao southern rock de lendas como o Lynyrd Skynyrd, mostrando o Foo Fighters desbravando novos mares, porém sem êxito. Além de ser desnecessariamente longa, também não consegue alcançar o feeling que o estilo demanda.

   Em " Outside", o grupo se propõe a homenagear o Hard Rock da cidade onde foi gravada, Los Angeles. Embora, muito distante do estilo glam que marcou a cidade nos anos 80, é uma ótima canção. Com uma cadência baseada em linhas de baixo bem presentes, apresenta um refrão convincente e agradável, sem necessariamente apelar para algo mais grudento. Destaque para seu interlúdio, onde a banda esbanja maturidade e bom gosto em belos dedilhados de guitarra, enquanto o baixo de Nate Mendel dita o ritmo.

   Nenhuma faixa traduz melhor a pompa do trabalho do que " In The Clear". Gravada na histórica capital do Jazz, New Orleans, tem a árdua missão de representar o complexo gênero musical. A música tem a participação da orquestra local, Preservation Hall Jazz Band, que realiza até um trabalho bem discreto diante que se poderia esperar. A música segue um caminho mais simples e direto quando comparada à grande parte do disco, mas invoca uma melodia pop e moderna que, pelo menos, no meu gosto particular, não cai bem.

   Encerrando o trabalho, a banda opta por dar um direcionamento mais baladeiro. Gravada na histórica capital do Grunge, Seatle, " Subterrean" versa sobre a experiência de Dave Grohl após a morte de Kurt Cobain e o fim do Nirvana. Daí, talvez por ter esse envolvimento pessoal, ela carrega em si um clima mais orgânico, intimista e profundo. O que temos aqui é uma verdadeira aula de boas melodias vocais e de licks de guitarra que parecem chorar, contribuindo ainda mais para a sua dramaticidade. O feeling que faltou em boa parte do trabalho surge com incrível força nessa ótima música. Já em " I am a River", todo esse bom gosto em termos de composição parece ir por água baixo. Uma longa e cativante introdução ludibria o ouvinte, fazendo parecer que algo grandioso está por vir, quando o que temos é apenas uma balada chatinha com um refrão repetitivo e meloso( você provavelmente se irritará com a quantidade de vezes que ouvirá Dave Grohl cantando " I am a River" antes do término da música).

   Concluindo, com toda a pompa e expectativas reservadas para " Sonic Highways", o disco só não é uma decepção completa, pois ainda conta com algumas poucas grandes canções e outros bons momentos mergulhados em músicas mais fracas. Porém, ficou muito abaixo do esperado e, certamente, deverá cair no esquecimento com o tempo.

   Nota: 6

   Foo Fighters - Sonic Highways ( 2014)

1."Something from Nothing" 4:49
2."The Feast and the Famine" 3:50
3."Congregation" 5:12
4."What Did I Do?/God as My Witness" 5:44
5."Outside" 5:15
6."In the Clear" 4:04
7."Subterranean" 6:08
8."I Am a River" 7:09


Escute também no Spotify:  Foo Fighters – Something From Nothing
  

  

  

 

  
  

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