Antes de dar inicio à resenha que se segue, gostaria de render as justas homenagens ao grande fã de Pink Floyd e autor da resenha, Luis Fernando Rios. Só para esclarecer, ele já vem atuando aí por trás dos bastidores, de vez em quando, para o nosso blog, mas devido a alguns probleminhas com sua antiga conta, ainda não pôde se tornar um dos colaboradores. Então, apesar do meu nome constando aí na postagem, o crédito do texto vai todo para ele...
Fiz questão de ouvir
o álbum na íntegra, somente depois que recebi os exemplares em vinil. Antes
tinha ouvido músicas aleatoriamente. Afinal de contas, é um momento especial
pra quem gosta de música e especialmente para quem aprecia o Pink Floyd
visceralmente. Aí podem me perguntar: está resenhando e é fã ao mesmo tempo?
Exatamente. E o que impede um fã como eu de resenhar um álbum que esperei por
20 anos? Acho até que por merecimento, as resenhas dos mais aficionados devem
ter mais peso que de outros críticos.
Brincadeiras à
parte, vamos ao que realmente interessa: falar sobre um registro que provém de
um misto de material de aproximadamente 20 horas de gravações esquecidas e de
sobras de jams do álbum antecessor, "The Division Bell".
A primeira
impressão, depois da primeira audição, foi de um saudosismo incrível. Isso
porque, logo de cara, pode-se detectar melodias, harmonias, riffs que estavam
presentes em álbuns como "Wish You Were Here" ou o disco do prisma [
Dark Side Of The Moon], como muitos se referem a ele. Esqueci tudo o que li a
respeito do disco antes e me deixei levar exclusivamente por aquilo que estava
tomando minha mente naquele momento: a música do Pink Floyd. Gilmour com seus
solos marcantes, a batida firme da caixa de Nick e as atmosféricas e
antológicas passagens de Farfisa, Hammond, pianos e sintetizadores de Rick me
fizeram logo de cara me emocionar.
Para um fã ardoroso
como eu, aquilo já bastaria. Afinal de contas, são 20 anos sem ouvir nada de
novo. Logo, qualquer coisa que viesse seria lucro. De toda forma, não me deixei
levar pelo fato de ser fã e quis me aprofundar mais no álbum. Queria entender
porque tantas críticas negativas ou desdenhosas e, assim, fui para mais
audições.
Ao mesmo tempo que
ouvia e assimilava cada vez mais a música, pensava nos motivos pelos quais
David e Nick lançariam um álbum de 54 minutos, que só coube em 2 vinis. Dizer que foi uma homenagem póstuma a Rick já
seria suficiente para convencer. Encerrar o ciclo da banda também poderia ser
uma boa justificativa, já que Rick se foi e Nick e David não são mais jovens.
Li até que era uma cutucada em Waters, que ultimamente manifestou publicamente
desejo de reunir novamente os três para produzirem algo como Pink Floyd.
Enfim... Nesse
momento, meus caros, percebi que talvez já estivesse na quinquagésima oitava
audição dos meus vinis e que já tinha descoberto o que pensava de "The
Endless River", afinal. Nada que ouvi ou li a respeito nas críticas foi
capaz de anular o que estava sentindo com relação ao álbum. Estava anestesiado
por aquelas sobras de 1994. E elas me conduziam para um passado ainda mais
distante.
O disco começa com
uma passagem introdutória bem espacial em "Things Left Unsaid" com os
teclados de Wright e o E Bow de Gilmour me levando de volta ao álbum "Wish
You Were Here". Quando Nick Mason inicia sua performance, já estamos em "It’s
What We Do". Me lembro de "Shine On You Crazy Diamond", mesclada
a nuances de passagens vindas de "The Division Bell". Gilmour sola
lindamente. O lado 1 do meu vinil termina com a terceira faixa, "Ebb And Flow",
com Gilmour e Wright no E Bow e piano
respectivamente.
O lado 2 começa com "Sum", remetendo
a "One Of These Days", com
Nick e Gilmour conduzindo juntos o ritmo, enquanto temos a base de Wright com
seu Farfisa e sintetizadores de notas inconfundíveis. No início de Skins,
parecia estar ouvindo o "UmmaGumma", relembrando os segredos de um
certo disco voador que sobrevoava o palco dos shows do Floyd naquela época. A
audição continua com "Unsung" que dá a introdução, com o Farfisa novamente
preparando o terreno para os efeitos lisérgicos da Strato de Gilmour, na
lindíssima Anisia. Aqui, nesse momento, choro de verdade, porque volto a ter 17
anos, ouvindo "Us And Them", no quarto de um adolescente cheio de
sonhos.... Um solo de Gilmour justaposto ao de saxofone, unidos a
típica levada de Nick encerram o lado 2 do meu vinil esplendorosamente! Que
solo do mestre da Strato!
Enquanto troco o vinil
e olho para meu equipamento hoje renovado, percebo que estamos em 2014 mesmo.
Meu prato novo e meu receiver não são mais aqueles antigos que troquei na década
de 90. Entretanto, a música de " Endless River" havia me conduzido ao
passado...
O lado 3 começa com "The
Lost Art Of Conversasion", introduzindo outras
pequenas faixas que estão costuradas para unir passagens compostas por Wright.
Gilmour a meu ver consegue transformar essas sobras em algo bem contemporâneo,
mas que possui na sua essência, tudo o que aprendemos a gostar nessa banda
antológica. O piano e sintetizadores, a percussão e os efeitos das guitarras
seguem por "On Noodle Street" e "Night Light" até
desembocarem em Allons-y (1). A sensação agora era de que estava envolvido por
um muro e ouvia "Run Like Hell". Em Autumn’68, Wright usou o Pipe Orgão
do Royal Albert Hall. Que momento sublime! A viagem nunca termina mesmo! A Yole
continua sendo remada por estes senhores através desse rio de músicas, melodias
e harmonias belíssimas... Volto a ter a sensação de ouvir passagens de guitarra
do "The Wall" em Allons-y (2). Olado 3 termina com um solo
sentimental de Gilmour e a fala de Stephen Hawking em "
Talkin`Hawking". Tudo tendo como base os sintetizadores de Wright, o
backing vocal de Gilmour e, novamente, o Farfisa do mestre.
Segue o lado 4. A
viagem está acabando. Em Calling, encontro uma infinidade de efeitos, onde
Gilmour participa nos teclados e guitarra, sem a presença de Wright. "Eyes
To Pearls" apresenta uma textura que remete aos primórdios da banda (época
de Syd) em sua percussão, porém com uma atmosfera que lembra muito as
composições do início da década de 70. Wright volta com seus Farfisa e Hammond.
"Surfacing" me faz adentrar na
década de 90, sem deixar de lado aqueles elementos Floydianos dos primeiros
anos, com a levada marcante de Nick e solos espaciais de Wright e Gilmour.
Chegando aqui, quase
no final da obra, consigo sentir exatamente a unidade sonora desse grupo de
gênios da música. A emoção me toma por completo, pois estou ouvindo,possivelmente,
o último álbum da minha banda de sempre e , certamente, o último com registros
de Rick Wright. Os acordes de "Louder Than Words" se iniciam trazendo
a velha conhecida harmonia desses 3 ícones de todos os tempos tocando juntos.
Mesmo com Wright já num outro plano, um rio de nuvens caudaloso está sob minha
Yole imaginária. A voz de Gilmour envolve meus ouvidos e alma por completo. O piano
de Wright é lindo. A batida rítmica e inesquecível de Mason está sustentando
tudo. Lágrimas de alegria transbordam. Estamos em 1974, 1994 ou 2014? Não
importa. A música fala muito mais do que as palavras e sigo assim, minha
viagem, remando num rio sem fim...
Nota: 9,5
LUIS
FERNANDO
Side 1, Pt.1: Things Left Unsaid
Side 1, Pt.2: It's What We Do
Side 1, Pt.3: Ebb and Flow
Side 2, Pt.1: Sum
Side 2, Pt.2: Skins
Side 2, Pt.3: Unsung
Side 2, Pt.4: Anisina
Side 3, Pt.1: The Lost Art Of Conversation
Side 3, Pt.2: On Noodle Street
Side 3, Pt.3: Night Light
Side 3, Pt.4: Allons-Y (1)
Side 3, Pt.5: Autumn '68
Side 3, Pt.6: Allons-Y (2)
Side 3, Pt.7: Talkin' Hawkin'
Side 4, Pt.1: Calling
Side 4, Pt.2: Eyes To Pearls
Side 4, Pt.3: Surfacing
Side 4, Pt.4: Louder Than Words
Escute no Spontify: spotify:album:0yU7VItpGPmPcvKmwLg0JT
E quem melhor para falar sobre Pink Floyd que você? Escolha acertada e resenha a altura! Parabéns, Luis! Ah, meu aparelho de som ainda é o de 1990!!! beijão, Lu.
ResponderExcluirOI, Luciana! Obrigado pela participação no comentário! Agora só falta o Luis dar jeito nessa conta dele do gmail pra que ele possa te responder e agradecer também. Beijos.
Excluir