sábado, 27 de agosto de 2016

Reviews: Resenha de Withcraft - Nucleus



   Há cerca de 4 anos atrás, o Withcraft chamou a atenção da cena Stoner Rock com o álbum " Legend". O quarto álbum da banda sueca de Stoner Metal, fundada pelo líder e vocalista Magnus Pelander, apresentava um latente salto de qualidade em relação aos primeiros álbuns, tanto em sua produção como na performance da banda em canções que iam do melhor do Hard Rock setentista ao Doom Metal. O disco obteve grande destaque na crítica especializada, sendo incluído em listas como um dos melhores álbuns daquele ano.


   O WithCraft desde a sua formação no ano de 2000, como um projeto de tributo a Bobby Liebling do Pentagram, passou por diversas mudanças de formação, sendo Pelander o único remanescente. E, novamente, do " Legend" para " Nucleus", um desmanche aconteceu e uma nova banda foi formada. Desta feita, o Witchcraft reduziu-se de um quinteto para um trio, com Pelander voltando a tocar guitarra, como nos três primeiros álbuns.

   Tal mudança acabou influenciando de forma decisiva na sonoridade do disco. Se em " Legend", tínhamos uma produção mais limpa e cristalina, evidenciando um destaque equilibrado a cada um dos instrumentos, em " Nucleus", temos uma produção mais rústica, com uma sonoridade abafada e um destaque total para os vocais e a guitarra de Pelander. O álbum está bem mais pesado e, para isso, há uma intencional inclusão de doses maiores de distorção de guitarra. O estilo como um todo me remeteu ao que Black Sabbath fez na época do pesado " Born Again".

   Com todas essas mudanças, é natural que o fã acostumado ao padrão " clean" de " Legend" venha a ter dificuldades de assimilação em uma primeira audição e sinta uma certa estranheza. Porém, a despeito de todas intempéries pelas quais a banda passou, o resultado final do álbum é muito bom e ele acaba se saindo bem da difícil missão de suceder " Legend".

   Algumas bem-vindas idéias foram acrescidas à sonoridade do grupo e, mesmo que exista um foco maior no peso e na agressividade das canções, há muita musicalidade envolvida. Uma das novidades está na inclusão de instrumentos menos convencionais do rock, mas que eram usados por uma boa parte das bandas setentistas, como a flauta presente na suave e  folclórica introdução de " Maelström", ou acompanhando de forma magistral os riffs do single " The Outcast", enquanto que a longa e épica faixa-título " Nucleus" surpreende ainda mais ao trazer arranjos de cordas, corais e um solo de acordeom em seu encerramento.

   Outro grande diferencial de " Nucleus" está no andamento e no tamanho das músicas. Com músicas mais longas ( uma com mais de 14 minutos e outra com mais de 15), na maioria das vezes, elas se desenvolvem da forma mais arrastada possível. Tudo isso somado a uma ênfase em um clima mais sombrio e melancólico contribuem para aproximar o som do Withcraft do Doom Metal. Na maioria dos casos, a progressão é muito bem executada com os típicos riffs "sabbáticos" contribuindo para manter a atenção e envolvimento do ouvinte. A única exceção fica por conta de " Breakdown", que exagera demais na dose, desafiando a paciência do ouvinte com mais de 15 minutos baseados em 2 ou 3 bases.

   Falando em riffs "sabbáticos", num disco de stoner muito baseado nas guitarras e no peso, obviamente é o que encontramos em maior abundância aqui. Riffs grudentos e marcantes como na curta e brilhante " Theory Of Consequence" ou em "Obsessed", lembrando um pouco o stoner pesadíssimo praticado pelos norte-americanos do The Sword.

   E, para acompanhar todo esse peso, os vocais de Magnus Pelander aparecem ainda mais fortes aqui. Somado ao seu timbre de voz agradável e particular, desta feita, ele trata de acrescentar mais drives e agressividade ao seu estilo. Momentos de magistral interpretação como no épico " Nucleus" também nos chamam a atenção.

   O disco é mais sombrio, pesado e até introspectivo do que " Legend". Mas, para aqueles que se apegaram demasiadamente ao quarto álbum do grupo, a faixa " The Outcast", lançada estrategicamente como primeiro single, deve agradar e muito. Uma música que destoa de todas as outras, mas ainda assim, excepcional! Talvez a melhor do trabalho e, sem dúvidas, uma das melhores da carreira dos suecos. Um Hard Rock com uma levada mais leve e solta, com arranjos de flauta, conforme mencionado acima, além de um refrão mais pegajoso [ algo também escasso no disco como um todo]. Como já é típico nas estruturas das composições do Witchcraft, a canção ganha uma nova levada em sua metade que, num crescendo, desemboca num poderoso solo de guitarra em seu fim. Sensacional!

   " Nucleus" é um álbum que exige algumas audições para ser melhor assimilado, conforme os fatores já apontados por mim. O principal é que você tente se desvincular da sonoridade de " Legend" ou daquela perfeita emulação setentista feito nos primeiros trabalhos. Feito isso, você como um bom fã de rock ou Heavy Metal terá tudo para curtir e se viciar bastante em " Nucleus". E o Withcraft, malgrado suas mudanças de formações, segue forte como um dos principais nomes da atual cena Stoner/ Rock retrô. Longa vida à banda!

   Nota: 9

   Withcraft - Nucleus ( 2016)

1. Maelström
2. Theory Of Consequence
3. The Outcast
4. Nucleus
5. An Exorcism Of Doubts
6. The Obsessed
7. To Trascend Bitterness
8. Helpless
9. Breakdown
10. Chasing Rainbows ( faixa-bônus)

 





 

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