segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Melhores álbuns 2015 e reativando o blog



  
   O Centurion Rock ficou ausente por um bom tempo. Infelizmente, temos nossa vida paralela, a correria do dia-a-dia, problemas que surgem e te desanimam um pouco. Mas, ler e escrever sobre música ( em especial rock e heavy metal) é uma das coisas que mais gosto de fazer. E, nada melhor do que essa lista de melhores de 2015 para fazer isso. Uma brincadeira entre amigos ( verdadeiros audiófilos e especialistas no assunto), com quem pude compartilhar momentos e indicações de boa parte do melhor aconteceu em 2015.

   O blog está sendo reativado. Com um portal de notícias movido por uma infinidade de notícias no assunto, é uma tremenda bobagem tentar concorrer. Mas, aproveito para avisar que muito em breve, teremos novidades relacionadas ao formato do site e o foco passará a ser menos em divulgar as milhares de notícias que rolam toda semana, e mais num ponto de vista crítico sobre o que de mais importante aconteceu durante a semana, além das sempre bem-vindas resenhas e indicações de novos valores na coluna Centurion Weekends, que também pretendo reativar. Aguardem as novidades, não entrarei em mais detalhes para não estragar a surpresa.

   O ano de 2016 teve seu primeiro mês chegando ao fim ontem e muita coisa já aconteceu. Mal nos recuperamos do impacto da morte de Lemmy Kilmister, no fim do ano passado, e já tivemos o desagrado de saber que outros heróis como Glenn Frey ( Eagles), Jimmy Bain ( Rainbow, Dio, The Last In Line), Paul Kantner ( Jefferson Airplane),  e, em especial, o fantástico David Bowie vieram a falecer.Infelizmente, os grandes monstros do rock estão se despedindo numa velocidade incômoda e lamentável para todos nós.

   Entretanto, a vida sempre nos revela a benção da renovação. Por mais que os meios midiáticos, principalmente no Brasil, se foquem demasiadamente nos mesmos medalhões de sempre, há uma imensidão de novos e não tão novos valores assim, produzindo trabalho de gigantesca qualidade que não deveriam ser ignorados nem mesmo pelo fã de rock mais conservador. Bandas e artistas como Steven Wilson, Ghost e Baroness, que extraem do legado majestoso deixado pelas lendas do passado, suas fontes de inspiração para moldar o som dos dia de hoje, seguem reascendendo nossas esperanças na resistência da nossa tão amada música de qualidade. E assim, a vida segue...
  
   Eis que sem mais delongas, lhes apresento minha humilde lista:


   1. Steven Wilson - Hand Cannot Erase





   O grande gênio do progressivo atual atende pelo nome Steven John Wilson. Com quase já 30 anos de carreira, o cantor, compositor, multi-instrumentista, produtor musical e engenheiro de som, após ter trabalhado em diversos projetos ( Porcupine Tree, Blackfield, No-man, entre outros) e colaborado com outros tantos artistas, embarcou numa bem-sucedida carreira solo que tem lhe rendido além de prêmios e elogios da crítica especializada, indicações ao Grammy e citações em publicações como a Rolling Stones. " Hand Cannot Erase" é o seu quarto álbum de estúdio. Seu conceito gira em torno da história da inglesa Joyce Carol Vincent, encontrada morta em seu apartamento após quase três anos de desaparecimento, apresentada no documentário " Dreams Of a Life".  Wilson se baseou nessa história, construindo um álbum conceitual, onde acresentou seus próprios pontos de vista ao da personagem. Musicalmente, o que encontramos aqui é uma verdadeira jóia da música progressiva atual. Junto a um time de instrumentistas de alto gabarito como o baterista Marco Minneman, guitarrista Guthrie Govan, baixista Nick Beggs, dentre outros, além da participação especial da cantora israelense Nina Tayeb, Wilson compôs uma obra que vai além das fronteiras do rock progressivo. Além das referências dos medalhões do gênero, experimentações extremamente felizes com música eletrônica, ambient e heavy metal ajudaram a construir uma sonoridade eclética, mas ao mesmo tempo coesa, recheada de momentos climáticos, belíssimos e emocionantes. E o legado do rock progressivo segue forte!




   2. Europe - War Of Kings


  
  


   O Europe talvez seja dentre todas as bandas de hard rock remanescentes dos anos 80 a que se encontra em melhor forma e, infelizmente, poucos sabem disso. Esqueçam o som Glam/ AOR praticado na década de 80. Desde que o conjunto sueco se reuniu, álbum após álbum, as influências do velho e bom hard rock setentista de nomes como Led Zeppelin e Black Sabbath foram ganhando força. E é isso o que podemos encontrar sendo reproduzido de forma soberba em "War Of kings". As performances de Joey Tempest no vocal chamam a atenção e surpreendem vindo de alguém com mais de 50 anos, enquanto o talentoso guitarrista John Norum capricha em riffs e solos arrebatadores com uma segurança e feeling invejáveis e o tecladista Mic Michaeli reforça o clima setentista do álbum, explorando timbres da época e abusando do uso do Hammond. Se por um lado, momentos mais pesados do disco como " Children Of The Mind" nos remetem ao Black Sabbath da era Dio, a influência do blues aparece mais forte em canções como " Second Day", " Praise you" e na belíssima balada " Angels ( With Broken Heart)".


  

   3. Horisont - Odyssey




      O Horisont foi uma das minhas grandes descobertas recentes. Expoente de uma cena sueca lotada de bandas de Stoner Rock, o grupo além de uma grande performance técnica de seus integrantes, se diferencia dos demais por apostar mais no som praticado na segunda metade da década de 70, inspirado por bandas como Thin Lizzy, Queen e Judas Priest. E, parece que, em seu quarto trabalho de estúdio, eles conseguiram atingir o seu ápice. O disco flui muito bem no decorrer de sua audição, apontando um leque variado de inspiração dos suecos que vai desde elementos de heavy metal a pitadas de rock progressivo, folk e space rock. Se você é fã de bandas de guitarras gêmeas como Thin Lizzy e Iron Maiden e curte vocais bem agudos ou é apaixonado pela sonoridade do rock dos anos 70, pode ir sem medo. Um dos melhores trabalhos que já ouvi dentro desse estilo!




   4. Anekdoten - Until All The Ghosts Are Gone


  

   Quem disse que não se faz mais rock progressivo como nos anos 70, pode estar enganado. A música produzida pelo Anekdoten é o mais fiel possível que podemos ter em termos de rock progressivo clássico nos dias de hoje. A capacidade que esses suecos têm em reproduzir aquela atmosfera e sentimentos únicos do prog setentista é de fazer "cair o queixo" do fã mais ortodoxo do gênero. Em " Until All The Ghosts Are Gone", o ouvinte é capaz de imergir em uma viagem absolutamente delirante guiada por teclados e mellotrons em abundância, vocais harmoniosos e pelo uso de flautas e orquestrações, além de curtir melodias de uma beleza incrível embaladas por uma melancolia tipicamente britânica, apesar de a banda ser sueca. Sensacional!




   5. Paradise Lost - The Plague Within




      Os veteranos e ícones do Doom Metal inglês acertaram em cheio em seu último álbum. Mais pesado e ainda mais sombrio do que os últimos registros, "The Plague Within", sofreu clara influência do fato de Nick Holmes ter sido chamado para ocupar o posto deixado por Mikael Akerfeldt ( Opeth) no projeto Bloodbath. Os vocais guturais retornaram com tudo e muito daquela áurea Doom/ Death metal dos primeiros álbuns foi resgatada. Ainda assim, " The Plague Within" tem personalidade própria e além de possuir uma produção significativamente superior a estes discos, é um trabalho mais maduro que agrega toda a experiência acumulada durante as mutações que o Paradise Lost foi sofrendo no decorrer de sua discografia.




   6. Ghost - Meliora






   "Meliora", terceiro álbum do Ghost, é reflexo claro da evolução e amadurecimento da banda tanto em termos de composição quanto em termos técnicos, o que lhe rendeu inclusive comentários jocosos, fazendo trocadilhos com seu título. Mais pesado que seu antecessor "Infestissuman"( 2013), o trabalho segue agregando uma boa dose de influências do rock dos anos 70.  Muito embora do inicio ao fim seja um álbum que mantenha um alto nível de qualidade e regularidade, os destaques ficam por conta da cadenciada e pesada " Cirice", da extremamente bem trabalhada " Majesty" e da balada " He is", onde pela primeira vez o grupo mostra com sucesso seu lado mais suave.


  


   7. Riverside - Love, Fear And Time Machine





   O Riverside nos surpreende com seu trabalho mais diferente e ousado até então. Os fãs apegados ao prog metal de álbuns como " Rapid Eye Movement" ( 2007)ou "Anno Domini High Definition" ( 2009) poderão " torcer o nariz" a princípio ou encontrar dificuldades em sua assimilação, mas fato é que, sem dúvidas, este é o álbum mais maduro já produzido pela banda. O líder/baixista/vocalista Mariuzs Duda quis somar à sonoridade progressiva da banda elementos característicos dos anos 80, mas tudo feito de forma inteligente e bem dosada. Consequentemente, a sonoridade ganhou um foco mais rítmico do que o habitual, com Duda inspiradíssimo em linhas de baixo desconcertantes, enquanto a guitarra e os teclados preenchiam o som de forma bastante criativa e, por vezes, emanando influências setentistas. O resultado de toda essa combinação se configurou em um disco de rock progressivo bastante interessante, autêntico e diferente do que normalmente podemos ouvir do estilo atualmente.




   8. Baroness - Purple





   Durante a turnê do álbum "Yellow and Green" ( 2012), os integrantes do Baroness sofreram um acidente de ônibus em Londres que por pouco não pôs tudo a perder. A banda se recompôs, passou por mudanças em sua formação e voltou ainda mais forte para o seu quarto álbum. "Purple" mantém o ecletismo de influências de " Yellow And Green", mas resgata o peso de "Red"( 2007) e " Blue" ( 2009), soando mais coeso e centrado do que o álbum duplo antecessor. Os novos integrantes, o baixista Nick Jost e o baterista Sebastian Thomson,trouxeram mais peso e técnica à cozinha, enquanto os remanescentes John Baizley e Peter Adams dão um show à parte demonstrando um alto grau de entrosamento e inspiração em guitarras gêmeas de tirar o fôlego. A capa feita pelo próprio líder/ guitarrista/ vocalista John Baizley é um capricho a parte e certamente também figura entre as mais belas deste ano.



   9. The Answer - Raise A Little Hell


  


      Este é o talvez o disco com o feeling mais rock and roll lançado em 2015. Formada no ano 2000, o The Answer pode ser enquadrado como uma das melhores revelações no gênero Hard Rock dos últimos tempos. E o novo trabalho só veio a corroborar isso. Calcado em influências do passado ( Led Zeppelin, Stones, AC/DC e Black Crowes), mas ao mesmo tempo com uma sonoridade contemporânea, a banda norte-irlandesa soube compor um grande disco, com uma boa dose de versatilidade variando entre canções mais puxadas para o blues rock ou para o stoner, baladas e com faixas até com um leve acento mainstream em determinados momentos, como a primeira " Long Live The Renegades", uma verdadeira ode ao rock and roll, que se fosse lançada em outros tempos teria todo o potencial para se tornar um megahit. Os integrantes cumprem bem seu papel, com destaque especial  para o desempenho do ótimo vocalista Cormac Neeson.




   10. Iron Maiden - Book Of Souls




   Decorridos 5 anos de seu último álbum, " The Final Frontier" ( 2010), o Iron Maiden voltou ao estúdio e nos brindou com talvez o seu melhor álbum desde o retorno de Bruce Dickinson e Adrian Smith, resgatando aquela energia e feeling dos tempos áureos. Se por um lado o disco pecou por alguns excessos ou trechos instrumentais demasiadamente longos no decorrer de seus 90 minutos de audição, pelo outro " The Book Of Souls" teve o mérito de compilar uma boa quantidade de canções memoráveis em seu repertório, como " If Eternity Should Fail" e sua introdução triunfal, o melhor hit dos últimos tempos," Speed Of Light", " When The River Runs Deep" e " Death Or Glory" com muitos elementos do Hard dos anos 70, além das faixas " Tears Of A Clown" e " Empire Of The Clouds", épico composto por Bruce Dickinson, que refletem enfim um verdadeiro mergulho do grupo no rock progressivo. Com tantos grandes momentos, os ingleses fizeram por merecer entrar nessa lista.
  



   Menções Honrosas:

. David Gilmour - Rattle That Lock

. Graveyard - Innocence And Decadence

. Symphony X - Underworld












  



    




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