Dando prosseguimento às listas de melhores do ano de 2016, a Centurion Rock reserva o seu espaço para o amigo e colaborador Vinicius Tramont. A primeira lista pode ser conferida também neste link.
God save Neal Morse!!!
Não sei se isso explica, mas, foi
exatamente o que pensei ao ouvir pela primeira vez “The Similitude of a Dream”. Esse cara é um homem santo. Primeiro, ele consegue compor um álbum conceitual
baseado no livro “ Pilgrim`s Progress ” de John Bunyam sem ter lido o mesmo e segundo,
constrói um obra-prima contendo dois discos sem soar repetitivo e sem causar
dispersão. Esse gênio e cristão da música progressiva, Neal Morse (Ex-Spock’s Beard
e Transatlantic), faz mais uma vez parceria com seu grande amigo, o baterista Mike Portnoy (Ex-Dream Theater e mult-projetista). Nesta grande masterpiece,
mergulhamos num Rock Progressivo moderno, com momentos de maior peso alternando
com outros mais reflexivos, referendando as grandes influências que constrói a
carreira de Neal Morse, como o Prog. Setentista e o Metal Progressivo. E nessa
narrativa, que leva o Peregrino em busca da Cidade Luz, destaco pérolas como,
“City of Destruction”, “The Ways of a Fool”, “So Far Gone” e “The Man in the Iron
Cage”. Christian Progressive Rock essencial.
Um grande trabalho solo do compositor,
guitarrista e vocalista norueguês, cujo nome verdadeiro é Vegard Sverre Tveitan, líder da banda de Black Metal Emperor, que terminou suas atividades em 2001 e hoje vive apenas de reuniões, nos
presenteia com um álbum solo que traduz sua vasta influência musical. Arktis é
uma grande salada de estilos, onde encontramos, NWOBHM, Thrash e Stoner Metal,
Industrial e até Jazz, tudo dentro de uma embalagem Extreme Progressive Metal.
Devo enfatizar a qualidade dos músicos, que proporcionam linhas instrumentais
de altíssimo nível e a competente atuação nos vocais do Ihsahn, que mostra
grande versatilidade em transitar por linhas guturais bem agressivas a momentos
onde usa sua voz mais suave e limpa. Destaco a contundente “My Heart is of The
North”, a hipnotizante “South Winds” e a cadenciada e atmosférica “Celestial
Violence”.
O Spiritual Beggars é uma daquelas bandas/ projetos que já estão no mercado há duas décadas e muita gente nem sabe da existência. O projeto foi criado em 1992 pelo guitarrista e líder do Arch Enemy, Michael Amott, e já contou com " JB" do Grand Magus nos vocais, posto ocupado atualmente pelo bom grego Apollo Papathanasiou ( Firewind). A banda conta também com o ex-tecladista do Opeth Per Wiberg. " Sunrise To Sundown" é o nono álbum da banda de Stoner Metal e traz na sua proposta a priorização do Hard Rock, mas sem abrir mão do peso e pegada característicos. A sonoridade do álbum gira em torno de influências como Deep Purple, Rainbow e Uriah Heep ( em especial na faixa " No Man`s Land"). Os destaques ficam por conta do uso abundante do órgão hammond, pelas diferentes distorções das guitarras ( muito perceptível na atmosférica " Lonely Freedom") e pelos grandes riffs de Stoner como na empolgante " Sunrise to Sundown" e na arrastada " Southern Star".
" The Jaguar Priest" foi um daqueles trabalhos que acabei ouvindo atraído pela sua capa e, por fim, fiquei "babando" do inicio ao fim. A primeira coisa que me chamou a atenção foi o trabalho dos vocalistas, em especial da belíssima e potente voz da desconhecida cantora grega Elina Taivera ( ex- Seduce The Heaven . UMP é um supergrupo de Power Progressive Metal concebido pelo compositor e guitarrista norte-americano Michael Alexander e, dentre as ilustres participações, estão o vocalista e ex- Dream Theater Charlie Dominic, o baixista Mike Lepond ( Symphony X) e o tecladista Mark Jansen ( Epica). A qualidade em " The Jaguar Priest" não se limita às linhas vocais esplendorosas e se deve em grande parte à sua exuberante parte instrumental. A beleza é tamanha que meus olhos marejam ao ouvir a simples voz e teclado de " A World That Burns". Esses caras dão uma aula de Metal Sinfônico e Power Metal, como fica claro nas faixas " Awakenined By The Light" e " Truth". Isso sem falar na fantástica e prog-metal faixa-título. Pena que esse trabalho provavelmente ficará encoberto por outros de bandas mais mainstream.
5 - Haken- Affinity
O Haken é uma banda inglesa de Metal Progressivo da nova geração, daquelas que esbanjam criatividade e não se cansam de explorar novos elementos e sonoridades. Nesse primeiro álbum após a saída do baixista Thomas McLean e com Conner Green em seu lugar, o sexteto inovou com todos desta feita participando das composições, dividindo a responsabilidade que até então ficava somente nos ombros do guitarrista e tecladista Richard Henshall. No entanto, a jogada mais ousada ocorre na sonoridade bem oitentista aplicada ao álbum que se associa a sua temática focada no confronto entre a evolução das máquinas e a humanidade. O álbum é muito bom como um todo , mas destaco o épico " Architect", com seus quase 16 minutos, e a exuberante "1985".
Que eu não sou fã do Metallica não é
segredo para meus próximos, então o lógico seria que eu nem ouvisse o álbum
novo, mas fui cair na asneira de ouvir e não teve jeito: fazer o quê? O fato é,
parece que James Hetfield e Lars Ulrich resolveram parar e repensar a carreira, tamanho o
abismo que vemos entre "Hardwired... to self-Destruct" e seus antecessores. Os
caras mergulharam na melodia da NWOBHM que de forma, extremamente, simbiótica se uniram ao seu “endurecido” Thrash, resultando em um belíssimo trabalho de Heavy
Metal vigoroso, porém maleável e palatável.
Competentes viradas de Lars, lindíssimas harmonias de guitarra
“Maidenianas”, espetaculares solos de Kirk Hammet e potentes riffs de James Hetfield,
que ainda me surpreendeu com linhas vocais cristalinas e límpidas. Uma palavra
que representa esse novo trabalho é regularidade. "Hardwire... to Self Destruct" é um
álbum para fãs, e não fãs, de Metallica.
Avantasia, o aclamado projeto de Metal
Opera do prodígio alemão Tobias Sammet, lançou em 2016 o seu sétimo álbum,
Ghostlights. Como sempre, Tobias reúne grandes nomes do cenário do Metal para
darem vida, e emprestarem suas vozes, a seus personagens, como as figurinhas
repetidas Michael Kiske (Ex-Helloween, Unisonic), Sharon Den Adel ( Within
Temptation) e Jorn Lande (Ex-Masterplan,
Allen-Land) e os debutantes Geoff Tate ( ex- Queensrÿche) e Marco Hjetala
(Nightwish). O novo álbum continua trilhando a linha do Metal Sinfônico, como
na épica “Let The Storm” e “ Descend Upon You”, e do Power Metal, representada
pela excelente “Ghostlight”. Mas, destaco a fantástica “Seduction of Decay",
com seu riff arrastado e seus toques orientais .Considero “Ghostlight” o álbum
mais maduro e equilibrado do Avantasia.
A britânica Headspace é a banda
paralela do ótimo vocalista Damian Wilson (Threshold) com o talentoso tecladista
Adan Wakeman (Ozzy Osbourne e Black Sabbath), filho do lendário tecladista do
Yes. Além dos dois famosos, a banda conta com talentosos músicos
como o guitarrista Pete Rinald, o baixista Lee Pomeroy e o baterista Adam Falkner,
substituindo a altura seu antecessor, Richard Brook. O quinteto lançou, em
fevereiro de 2016, seu segundo álbum, "All That You Fear is Gone", que conseguiu,
em certos pontos, superar seu antecessor, "I Am Anonymous" (2012), estando mais
maduro, com seus integrantes mais entrosados, o que resultou em passagens mais
intrincadas. Temos aqui músicas que flutuam
habilmente entre o Rock Progressivo e o Metal Progressivo, com passagens
atmosféricas, melancólicas, grandes riffs e momentos épicos. Uma clara salada
de grandes referências como Yes (pelos belos momentos acústicos e muito pela
semelhança na voz de Damian com a de Jon Anderson), Ayreon e com o jovem Haken.
As épicas "The Science Within Us" (com mudanças constantes de andamento), "Secular
Souls" (espetacular) e a Prog Metal "Kill You with Kindness" se destacam. Álbum obrigatório para os amantes do
Rock/Metal Progressivo.
9 - MobRules – Tales From Beyond
Após quatro anos, essa excelente e
técnica banda, do forte cenário do Power Metal alemão, emerge com um novo
trabalho de estúdio acachapante, "Tales from Beyond". Trazendo como sempre as
grudentas bases do Power e forjando a elas uma essência de NWOBHM, a banda do
vocalista Klaus Dirks e do guitarrista
Matthias Mineur apresenta um álbum potente e melódico, com uma clara visita a
bandas como Iron Maiden e Saxon, como fica explícito nas fantásticas "Dykemaster`s Tale" e "My Kingdom Come". O trabalho instrumental é de excelência,
com guitarras gêmeas fantásticas, belos fraseados de guitarra e uma bateria
competente. Percebemos um toque Folk, devido a presença de instrumentos como o
Tin Whistle e a gaita de fole. Nos vocais, essa é certamente, uma das melhores
performances de Klaus, nos fazendo lembrar, em alguns momentos, o seu
compatriota Michael Kiske.
Iron Maiden + Helloween + Blind
Guardian = Tales from Beyond.
Bem, enfim, é muito provável que a
Nordic Union não conste em nenhuma lista de melhores do ano. Talvez por não
trazer novidades, não ter ninguém do mainstream ou não ser isso tudo mesmo. O
fato é que, lá esquecido no início de 2016, o fantástico vocalista dinamarquês
Ronnie Atkins (Pretty Maids) e o sueco Eric Martensson (Eclipse) se uniram e
lançaram esse projeto de Hard Rock Melódico, meio AOR. E com músicas como "The
War has Began", "Hypocrisy", "Every Heart Beat", "When Death is Calling" e "21 Guns",
não deu para deixar de fora. Os refrãos grudam na cabeça.
Menção honrosa
- Van Canto – Voices of Fire:
Vamos lá, a alemã Van Canto já chama a
atenção por ser uma banda de, cujo único instrumento usado é a
bateria. Isso mesmo, todos os outros instrumentos são reproduzidos pelas vozes dos
seus talentosíssimos membros a cappella. "Voices of Fire" é um Opera Rock
conceitual, pela primeira vez sem a presença de covers.
- Vivaldi Metal Project - The Four
Seasons
Esse grandioso projeto se trata
da releitura em Heavy Metal da lendária obra de Antonio Vivaldi, "As Quatro
Estações". E sua grandiosidade se deve principalmente ao número de músicos
envolvidos (mais de 70!), e pelas bandas fornecedoras de tais músicos, tais como:
Yes, Helloween, Savatage, Symphony X, Scorpions e Testament. O Resultado foi
excelente.
- Plini - Handmade Cities
O jovem australiano Plini, lançou em Agosto de 2016 seu
debut, "Hand made Cities". Um álbum instrumental de Rock e Metal Progressivo que
mostra o talento e o vigor desse jovem guitarrista de 25 anos. Vamos ficar de
olho.
- Kai Hansen - XXX - Three Decades In
Metal
Fantástico trabalho do grande
guitarrista e vocalista alemão do Gamma Ray e ex-Halloween, Kai Hansen. XXX
conta com grandes participações de vocalistas alemães, como Michael Kiske, Tobias
Sammet e Hansi Kürsch. É um divertido e grande passeio pelo rico universo do
Power Metal alemão.
- Devin Townsend Project – Transcendence
Sétimo trabalho do talentoso multi-instrumentista
Devin Townsend como Devin Townsend Project. "Transcendence" é um álbum de Prog
Metal muito marcado por uma atmosfera mítica. Um excelente trabalho para quem
quer algo mais alternativo.
Outras Escolhas
- Show que mais gostou em 2016: Iron Maiden
- Show que quer ir em 2017: AC/DC
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