sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Os melhores álbuns de 2016 segundo Wendell Rezende






   Após um breve recesso de final de ano, voltamos à ativa. Como já é de praxe, o Centurion Rock iniciará uma série dos melhores álbuns de 2016, para que o fã de rock/ metal possa conferir alguma novidade ou grande álbum que tenha passado batido no ano passado.

   O ano de 2016 nos trouxe dolorosas perdas no meio da música: ídolos marcantes como David Bowie, Prince, Keith Emerson e Greg Lake nos deixaram ( isso só para ficar em alguns nomes). Entretanto, foi um ano muito positivo em termos de produções. Grandes lendas do passado voltaram a lançar álbuns de impacto, músicos veteranos se reuniram em prol de grandes projetos, enquanto bandas mais novas nos surpreenderam, demonstrando muito talento e qualidade em trabalhos formidáveis.  Sem mais delongas, vamos a eles:


1. Thank You Scientist - Stranger Heads Prevail





    O Thank You Scientist é uma banda de progressivo de New Jersey, Estados Unidos. Formada por sete jovens, virtuosos e talentosíssimos músicos, o som da banda chama a atenção por dar espaço a instrumentos pouco usuais no rock como violino, trompete, saxofone, fliscorno e etc, seguindo a velha tradição da escola progressiva. Foi uma das minhas recentes descobertas que realmente me deixaram de queixo caído.  Imagine uma sonoridade instrumental que mistura rock progressivo com heavy metal, jazz fusion, elementos típicos da música do Oriente Médio, além de um vocalista que em certos momentos acha que é o Michael Jackson. O segundo álbum da carreira da banda nos brinda com composições de altíssimo nível, com toda a complexidade e virtuose do progressivo aliada a melodias que nos remetem a influências de nomes que vão desde Coheed And Cambria e Dream Theater a Michael Jackson, passando por Mahashvinnu Orchestra! Eu poderia colocar qualquer um dos meus cinco primeiros colocados no topo da lista, mas o prêmio vai pela originalidade e impressionante inventividade desses jovens. E viva o progressivo!
 

 

2. Diamond Head - Diamond Head




 

   Lendária banda remanescente da NWOBHM, o Diamond Head lançou o seu primeiro álbum após um longo hiato de nove anos. O guitarrista Brian Tatler segue " tocando o barco", enquanto Rasmus Bom Anderson fez sua estreia como vocalista e, em alto nível. Para a minha maior surpresa, os veteranos fizeram um trabalho inspiradíssimo, digno do movimento do qual emergiram. A banda retomou suas influências iniciais, explorando andamentos velozes e timbres de guitarra que nos fazem sentir como se estivéssemos em pleno ano de 1980. Entretanto, não se trata de tão somente um retorno ao passado. Há um peso e uma roupagem mais moderna que dão um toque diferenciado na produção. O álbum é de uma coesão incrível e se mantém forte do início ao fim. O trabalho de guitarras inspirado como sempre, incorpora riffs sabáticos e ganchudos que por vezes, nos remetem até ao Stoner Rock. Um discaço que infelizmente passou batido por toda a mídia especializada.




3. Nosound - Scintila



             


   O Nosound é uma banda de rock progressivo italiano liderada pelo talentoso guitarrista Giancarlo Erra. A princípio, um projeto solo do mesmo antes de se transformar em uma banda. Quando se fala em Itália, logo se vem à mente a maravilhosa cena progressiva desse país da qual temos falado a respeito aqui no blog ultimamente. Contudo, a despeito da tradição do gênero na terra da mama, o estilo do Nosound se assemelha muito mais ao padrão inglês, com influências de grandes nomes como Pink Floyd, Porcupine Tree, Radiohead e Brain Eno.  Em Scintila, o climático e melancólico Space Rock da banda se apresenta em um formato mais enxuto, onde cada nota e acorde parecem apresentar um impacto decisivo, nos fazendo refletir sobre aquilo que há mais de 40 anos o Pink Floyd mostrava ao mundo do progressivo, que é possível fazer um som refinado e arrebatador, sem necessariamente recorrer a malabarismos técnicos ou a experimentalismos exacerbados. Scintila pra mim pode ser resumido como o trabalho mais belo e  passional de 2016. É um disco lindo, intimista e emocionante. Deixo aqui como amostra a belíssima " In Celebration Of Life", música cuja história pode ser conferida neste link, que contou com ilustre colaboração dos vocais de Vincent Cavanagh do Anathema. Talvez  seja minha música favorita de 2016.


   

4. Opeth - Sorceress




   
   O Opeth é uma banda com uma discografia tão sólida e regular que dificilmente conseguimos imaginar uma lista séria de melhores do ano sem a presença de seu mais novo trabalho. " Sorceress" é o terceiro álbum lançado desde o mergulho da banda numa proposta sonora de cunho setentista. Desta feita, a banda liderada por Mikael Akerfeldt lançou o seu trabalho mais diversificado e eclético até então. A tradicional alternância entre momentos mais pesados e soturnos com outros mais suaves e intimistas se mostra de forma mais explícita do que em " Heritage" e " Pale Communion", os dois últimos lançados. Para temperar o caldo sonoro, novas influências foram agregadas como o Stoner Metal da faxia título ou os típicos elementos da música do Oriente Médio na instrumental " The Seventh Sojourn", enquanto a intensa "Chrysalis" resgata em parte o peso de álbuns como " Blackwater Park" ou " Ghost Reveries". 


5. The Mute Gods - Do Nothing Till You Hear From Me





   O The Mute Gods é um trio formado por músicos veteranos e altamente gabaritados, membros das bandas de Steven Wilson e Steve Hackett, durante o intervalo de suas turnês. A banda é liderada por Nick Beggs ( baixo e chapman stick) e composta também por Roger King ( teclados) e pelo talentoso Marco Minnemann ( bateria). Nesse seu primeiro trabalho, a banda surpreendeu ao lançar um dos melhores álbuns de progressivo do ano, explorando em seu som uma saudável mescla de Rock Progressivo, Pop Rock oitentista e daquele experimentalismo sensacional à la King Crimson. Tudo isso embalado em um roupagem moderna. Nick Beggs é o grande destaque do disco, seja pelos seus vocais ou seja principalmente por sua performance no baixo onipresente por todo o álbum ou no exótico chapman stick, do qual consegue extrair sons bastante distintos. Como era de se esperar, dada a proveniência dos músicos, não faltam referências a artistas como Steven Wilson, Porcupine Tree e Steve Hacket durante o álbum.


 

6. Katatonia - The Fall Of Hearts





      Os suecos reis da melancolia fizeram um grande trabalho neste ano. O décimo primeiro disco da carreira do Katatonia dá prosseguimento à constante evolução e amadurecimento que a banda vem sofrendo incessantemente desde o seu primeiro trabalho, quando era apenas mais uma das muitas bandas de Death/ Doom Metal do inicio dos anos 90. Em " The Fall Of Hearts", o instrumental do grupo atinge um refinamento inédito até então, mergulhando sem medo nas influências do Rock Progressivo. A atmosfera hipnótica e a costumeira melancolia seguem presentes como sempre, enqua nto a banda nos brinda com arranjos criativos e certeiros. Destaque para a dinâmica  da empolgante bateria e percussão do estreante Daniel Moilanen e para as linhas vocais do ótimo Jonas Renkse, que contribuem para tornar o trabalho ainda mais passional.





7. Metallica - Hardwired... To Self- Destruct





   Após longa espera, o Metallica presenteou os seus fãs com o seu melhor trabalho desde o clássico e multiplatinado " Black Album". É interessante como em comparação aos seus últimos trabalhos, " Hardwired...To Self Destruct " soa mais orgânico e natural. Sem pretensão de retomar um som que não retorna mais, a banda compôs músicas que trazem um apanhado do que de melhor compuseram em mais de 35 anos de carreira, combinando faixas que resgatam desde a velocidade e urgência dos primeiros álbuns até aquele Hard Rock pesado de discos dos anos 90 como o Load. Músicas como " Hardwired", " Moth Into The Flames" ou " Spit Out The Bones" poderiam estar presente em alguns dos grandes clássicos dos anos 80. Se mais uma vez o disco não é nenhum primor técnico, vale ressaltar o belíssimo trabalho de mixagem e produção que deu frescor e abrilhantou ainda mais as canções. E, pra variar, o trabalho de guitarras é o grande destaque do álbum , repleto de riffs pesados e grudentos de James Hetfield e de alguns solos de guitarras gêmeas, onde a banda novamente volta a prestar homenagem às suas influências da NWOBHM. Uma grata surpresa, que revigorou a fé dos fãs neste que é um dos grandes monstros do metal.




   8. Megadeth - Dystopia





   Outra clássica banda da Bay Area que nos presentou com um grande trabalho. O Megadeth passou por profundas mudanças de formação em 2015 e a entrada do guitarrista Kiko Loureiro na banda gerou fortes expectativas do público brasileiro. E seu líder Dave Mustaine não nos decepcionou. Dystopia é um álbum forte, pesado e direto ao ponto, com um foco mais definido do que o estranho " Super Collider". Inegavelmente, os estreantes Kiko Loureiro e Chris Adler ( Lamb Of God) tiveram contribuição decisiva na qualidade do álbum. Enquanto Adler contribuiu para trazer um vigor e intensidade a mais, Kiko deu seu toque pessoal de virtuose e feeling. Um álbum altamente recomendado para qualquer fã de Heavy Metal com uma produção bastante atual e o selo Megadeth de qualidade.




9. Haken - Affinity





      O Haken já se consolidou como um das grandes bandas do que podemos chamar de Prog Metal moderno. É uma banda extremamente talentosa, criativa e inventiva que sabe mesclar com maestria elementos do Rock Progressivo clássico com elementos mais atuais. Em " Affinity", o grupo ousou enfrentar o que vem a ser um verdadeiro tabu para grande parte do público progressivo: misturou sintetizadores e batidas eletrônicas que nos remetem diretamente a década " maldita" do prog: os anos 80.  Com temática pautada na evolução da computação e da humanidade, bem como na relação entre homem e máquina, o grupo abusou da incorporação de elementos eletrônicos, fazendo um contraste com a sonoridade mais orgânica do antecessor " The Mountain". Vale também  ressaltar a contribuição criativa do tecladista Diego Tejeda para tanto. Muito embora não consiga atingir o nível de excelência do último álbum, " Affinity" traz em si o que de mais inspirador e talentoso nós podemos encontrar dentro do metal progressivo contemporâneo e é mais uma belo capítulo na história desta promissora banda. 

   
   

10. The Neal Morse Band - The Similitude Of A Dream 

   



   Para finalizar a lista, uma dica para os apreciadores do rock progressivo e clássico. Não resta dúvidas de que Neal Morse seja um dos grandes representantes dos últimos 20 anos da sonoridade da velha guarda do Rock Progressivo. Com a The Neal Morse Band ( não confundir com a carreira solo do músico), ele deixa o controle das composições de maneira mais descentralizada, dando espaço para os outros músicos, dentre os quais inclue-se o talentoso e experiente baterista Mike Portnoy. " Similitude Of a Dream " é o segundo trabalho da banda, um longo e diversificado álbum duplo nos moldes de " The Lamb Lies Down On Broadway" do Genesis, cujo conceito é baseado na obra " The Pilgrim Progress" de John Bunyan. Nele, o ouvinte se depara com todo o ecletismo que sempre foi marca do estilo de Neal Morse, num trabalho que proporciona variadas sensações e emoções. Há de tudo um pouco: Rock Progressivo, Pop, música erudita, Hard Rock e até Country. Se não foi o trabalho da vida de Mike Portnoy, como o mesmo declarou em entrevista este ano, sem dúvidas, é mais um dos grandes trabalhos dete ano que certamente foi maravilhoso para o apreciador de Rock Progressivo.


 

Menções Honrosas:


. BIG BIG TRAIN - FOLKLORE: Banda de Neoo-progressivo e Rock Progressivo dos anos 90, conseguiu  neste álbum compilar um pouco do que de mais bonito e pomposo podemos encontrar no estilo. Destaque para a predominância de arranjos de cordas, que contribuiu para deixar o resultado ainda mais bonito. Ouçam " London Plane"

. BLOOD CEREMONY - LORD OF MISRULE: Quarto álbum desta grande banda de Stoner/ Occult Rock do Canadá. Desta feita,a banda envereda por sonoridades mais calmas, priorizando o seu lado mais folk e psicodélico.

.KANSAS - THE PRELUDE IMPLICIT: Após um hiato gigantesco de mais de 16 anos desde o último trabalho e com novo vocalista, essa clássica banda presenteou os fãs com um belíssimo trabalho que mescla habilmente AOR com Rock Progressivo da forma como somente eles sabem fazer.

.NECRO - ADIANTE: Terceiro álbum dessa banda alagoana de Stoner Rock, que canta em português mesmo. Nesse álbum, as influências mais óbvias de nomes como Black Sabbath e Led Zeppelin se somam a melodias e vocalizações que nos remetem às bandas brasileiras da década de 70 como Mutantes, Secos e Molhados e O Terço, resultando numa identidade ímpar.

.WITCHCCRAFT:  A banda sueca de Stoner Metal liderada por Magnus Pelander sofreu uma dissolução completa de sua formação em relação ao último disco, Contudo, isso não impediu Magnus de juntar os cacos e fazer um ótimo trabalho, dando ênfase ao lado mais arrastado, sombrio e cru da sonoridade da banda. 

Outras Escolhas...


Show do ano: The Vintage Caravan


Show que gostaria de assistir em 2017: Opeth


Melhor capa: Anderson/ Stolt - Invention Of Knowledge







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