A Redenção do Metallica em um surpreendente ótimo trabalho após longa espera
O Metallica é uma banda que dispensa apresentações. Do carro chefe de um dos maiores movimentos da história do Heavy Metal na formação da cena Thrash da Bay Area ao megaestrelato que elevou o grupo à condição de maior banda de Heavy Metal do mundo, passando por brigas judiciais e confusões internas em mais de 35 anos de história, o quarteto californiano tem muita história pra contar.
Passados mais de 8 anos desde o lançamento do último álbum de estúdio " Death Magnetic", [excluindo a parceria com Lou Reed, que resultou no controverso "Lulu" ( 2011)], o Metallica lançou no dia 18 de Novembro o seu décimo álbum de estúdio, " Hardwired... To Self-Destruct". A banda famosa pelo envolvimento em conflitos judiciais contra a plataforma de compartilhamentos de mp3 Napster, surpreendeu ao utilizar a mesma internet para divulgar todas as faixas no youtube um dia antes do lançamento, com um vídeo clipe feito para cada uma das doze faixas do novo trabalho.
Particularmente, confesso que o desinteresse gerado pelos últimos trabalhos da banda, bem como um gigantesco hiato de lançamentos novos, abalou os meus sentimentos como fã e, acredito que de muitos outros. Muito embora, a banda tenha se mantido impecável em suas apresentações ao vivo com shows ainda repletos de muita energia, ainda que com um certo déficit técnico, principalmente de Lars Ulrich, o Metallica há tempos não se encontrava mais no hall de minhas bandas favoritas. Entretanto, após longa espera, veio à luz " Hardwired... To Self-Destruct" e meu tesão pelo som destes senhores cinquentões foi completamente renovado. Não que o novo disco se iguale ou se pareça muito com os antigos clássicos da década de 80 [ é preciso ser muito lunático para crer nisso], mas no geral " Hardwired... To Self Destruct" consegue reproduzir com força e vigor a identidade construída por essa instituição do metal durante mais de três décadas, pegando carona nas fórmulas e clichês explorados pela própria banda durante todo esse tempo. O trabalho pode ser acusado de um auto-plágio, conforme os fãs mais radicais e levianos podem supor. Contudo, o grupo em suas declarações jamais negou que tenha se baseado em sua própria história para tal, sendo deveras honesto quanto a isso.
" Hardwired... To Self Destruct" vem sendo apontado pela maior parte dos críticos e da mídia como o melhor trabalho em 25 anos, desde o multiplatinado " Metallica" ou Black Album. É possível perceber em algumas das canções do novo álbum um potencial para transpor a barreira do tempo, se unindo aos antigos clássicos da banda. Músicas como " Atlas, Rise!", " Moth Into Flames" e " Spit Out The Bones" poderiam facilmente compor qualquer um dos três primeiros álbuns, resgatando toda a áurea da banda que ficou marcada pela sua incrível capacidade de mesclar agressividade e melodia como poucos. O álbum parece acertar em cheio nesse quesito, resultando num alto grau de satisfação e emoção do ouvinte.
O álbum foi dividido em dois discos, cada um com seis faixas. O primeiro mostra em sua plenitude faixas mais diretas e mais rápidas, enquanto o segundo lado mostra um Metallica apostando em um direcionamento mais arrastado, remetendo um pouco ao trabalho de discos como " And Justice For All". O primeiro disco deve agradar a uma boa parcela de fãs de forma muito rápida, enquanto o segundo demanda um pouquinho mais de tempo para sua assimilação.
Mesmo sem contar com nenhuma balada e, aparentemente foi algo que não fez a menor falta, o lado melódico é bem explorado seja através do retorno daqueles harmônicos maravilhosos de guitarras gêmeas ( herança da NWOBHM), seja através dos vocais de James Hetfield, muito seguros e competentes, ou por meio de momentos épicos como o final de " Halo On Fire", capaz de emocionar e empolgar até o ouvinte mais moribundo.
Se a tão questionada técnica de seus integrantes se não impressiona, pelo menos não chega em nenhum momento a ser um fator que desagrade. Lars Ulrich soa menos minimalista e previsível, explorando em certos momentos um bom trabalho de bumbos como na introdução de " Now That We`re Dead"[ canção que evoca novamente o espírito hard rock pesado de "Load"], Trujillo seguro e eficiente nas 4 cordas, porém um pouco escondido demais na maior parte do tempo, Kirk Hammett, repetitivo como sempre em seus solos com efeitos wha wha que, ao menos por aqui, parecem mais coesos em relação ao que as músicas pedem [ vale uma ressalva aos solos de " Halo On Fire" e " Murder One"], enquanto James Hetfield dispensa elogios sendo mais uma vez uma máquina despejadora de um estoque sem fim de riffs pesados, ganchudos e cativantes.
" Hardwired... To Self Destruct" realmente está longe de ser um primor técnico, mas isso nunca pode ser encarado como referencial absoluto de qualidade de um trabalho. Um dos grandes diferenciais ao seu favor está no belo trabalho de mixagem e co-produção do experiente produtor e engenheiro de som Greg Fidelman [ Lars e James também ajudaram na produção]. O som está muito fresco, orgânico e cru na medida certa ( algo ao meu ver extremamente acertado e que contribuiu para elevar ainda mais o potencial das canções).
No geral, entre alguns pontos bem altos encontrados em faixas como a acelerada e pesadíssima " Hardwired" ou na sabática e interessante " Manunkind", a qualidade das músicas sofre um leve desnível no segundo disco. Uma seleção grande de músicas longas e arrastadas em sequência na parte final pode causar um certo cansaço no ouvinte mais impaciente, Faixas como " Here Comes Revenge" ou " Am I Savage" estão longe de serem ruins, mas poderiam agradar mais se fossem mais enxutas. No mais, o álbum consegue um excelente encerramento com a homenagem a Lemmy Kilmister em " Murder One" e na maravilhosa e vigorosa " Spit Out The Bones" [ aparentemente de inicio apenas mais uma pancada rápida e mortal como uma " Battery" da vida, ela descamba em várias seções e mudanças de andamento, onde até mesmo um lado mais melódico chega a ganhar o seu espaço, resultando em mais de sete minutos de tirar o fôlego].
Em síntese, " Hardwired... To Self Destruct" não tem o poder de mudar o rumo do Heavy Metal e nem para ser um grande clássico da história do Metallica, mas poderá ser lembrado futuramente como um capítulo de retomada da glória e qualidade dos velhos tempos. Um ótimo trabalho com composições marcantes e viciantes. Um álbum que não deve agradar aos fãs mais ortodoxos de Thrash Metal, mas que provavelmente revigorará o sentimento adormecido de muitos fãs que reconhecem o valor da sua discografia tanto nos anos 80 como nos anos 90.
Nota: 9,0
Passados mais de 8 anos desde o lançamento do último álbum de estúdio " Death Magnetic", [excluindo a parceria com Lou Reed, que resultou no controverso "Lulu" ( 2011)], o Metallica lançou no dia 18 de Novembro o seu décimo álbum de estúdio, " Hardwired... To Self-Destruct". A banda famosa pelo envolvimento em conflitos judiciais contra a plataforma de compartilhamentos de mp3 Napster, surpreendeu ao utilizar a mesma internet para divulgar todas as faixas no youtube um dia antes do lançamento, com um vídeo clipe feito para cada uma das doze faixas do novo trabalho.
Particularmente, confesso que o desinteresse gerado pelos últimos trabalhos da banda, bem como um gigantesco hiato de lançamentos novos, abalou os meus sentimentos como fã e, acredito que de muitos outros. Muito embora, a banda tenha se mantido impecável em suas apresentações ao vivo com shows ainda repletos de muita energia, ainda que com um certo déficit técnico, principalmente de Lars Ulrich, o Metallica há tempos não se encontrava mais no hall de minhas bandas favoritas. Entretanto, após longa espera, veio à luz " Hardwired... To Self-Destruct" e meu tesão pelo som destes senhores cinquentões foi completamente renovado. Não que o novo disco se iguale ou se pareça muito com os antigos clássicos da década de 80 [ é preciso ser muito lunático para crer nisso], mas no geral " Hardwired... To Self Destruct" consegue reproduzir com força e vigor a identidade construída por essa instituição do metal durante mais de três décadas, pegando carona nas fórmulas e clichês explorados pela própria banda durante todo esse tempo. O trabalho pode ser acusado de um auto-plágio, conforme os fãs mais radicais e levianos podem supor. Contudo, o grupo em suas declarações jamais negou que tenha se baseado em sua própria história para tal, sendo deveras honesto quanto a isso.
" Hardwired... To Self Destruct" vem sendo apontado pela maior parte dos críticos e da mídia como o melhor trabalho em 25 anos, desde o multiplatinado " Metallica" ou Black Album. É possível perceber em algumas das canções do novo álbum um potencial para transpor a barreira do tempo, se unindo aos antigos clássicos da banda. Músicas como " Atlas, Rise!", " Moth Into Flames" e " Spit Out The Bones" poderiam facilmente compor qualquer um dos três primeiros álbuns, resgatando toda a áurea da banda que ficou marcada pela sua incrível capacidade de mesclar agressividade e melodia como poucos. O álbum parece acertar em cheio nesse quesito, resultando num alto grau de satisfação e emoção do ouvinte.
O álbum foi dividido em dois discos, cada um com seis faixas. O primeiro mostra em sua plenitude faixas mais diretas e mais rápidas, enquanto o segundo lado mostra um Metallica apostando em um direcionamento mais arrastado, remetendo um pouco ao trabalho de discos como " And Justice For All". O primeiro disco deve agradar a uma boa parcela de fãs de forma muito rápida, enquanto o segundo demanda um pouquinho mais de tempo para sua assimilação.
Mesmo sem contar com nenhuma balada e, aparentemente foi algo que não fez a menor falta, o lado melódico é bem explorado seja através do retorno daqueles harmônicos maravilhosos de guitarras gêmeas ( herança da NWOBHM), seja através dos vocais de James Hetfield, muito seguros e competentes, ou por meio de momentos épicos como o final de " Halo On Fire", capaz de emocionar e empolgar até o ouvinte mais moribundo.
Se a tão questionada técnica de seus integrantes se não impressiona, pelo menos não chega em nenhum momento a ser um fator que desagrade. Lars Ulrich soa menos minimalista e previsível, explorando em certos momentos um bom trabalho de bumbos como na introdução de " Now That We`re Dead"[ canção que evoca novamente o espírito hard rock pesado de "Load"], Trujillo seguro e eficiente nas 4 cordas, porém um pouco escondido demais na maior parte do tempo, Kirk Hammett, repetitivo como sempre em seus solos com efeitos wha wha que, ao menos por aqui, parecem mais coesos em relação ao que as músicas pedem [ vale uma ressalva aos solos de " Halo On Fire" e " Murder One"], enquanto James Hetfield dispensa elogios sendo mais uma vez uma máquina despejadora de um estoque sem fim de riffs pesados, ganchudos e cativantes.
" Hardwired... To Self Destruct" realmente está longe de ser um primor técnico, mas isso nunca pode ser encarado como referencial absoluto de qualidade de um trabalho. Um dos grandes diferenciais ao seu favor está no belo trabalho de mixagem e co-produção do experiente produtor e engenheiro de som Greg Fidelman [ Lars e James também ajudaram na produção]. O som está muito fresco, orgânico e cru na medida certa ( algo ao meu ver extremamente acertado e que contribuiu para elevar ainda mais o potencial das canções).
No geral, entre alguns pontos bem altos encontrados em faixas como a acelerada e pesadíssima " Hardwired" ou na sabática e interessante " Manunkind", a qualidade das músicas sofre um leve desnível no segundo disco. Uma seleção grande de músicas longas e arrastadas em sequência na parte final pode causar um certo cansaço no ouvinte mais impaciente, Faixas como " Here Comes Revenge" ou " Am I Savage" estão longe de serem ruins, mas poderiam agradar mais se fossem mais enxutas. No mais, o álbum consegue um excelente encerramento com a homenagem a Lemmy Kilmister em " Murder One" e na maravilhosa e vigorosa " Spit Out The Bones" [ aparentemente de inicio apenas mais uma pancada rápida e mortal como uma " Battery" da vida, ela descamba em várias seções e mudanças de andamento, onde até mesmo um lado mais melódico chega a ganhar o seu espaço, resultando em mais de sete minutos de tirar o fôlego].
Em síntese, " Hardwired... To Self Destruct" não tem o poder de mudar o rumo do Heavy Metal e nem para ser um grande clássico da história do Metallica, mas poderá ser lembrado futuramente como um capítulo de retomada da glória e qualidade dos velhos tempos. Um ótimo trabalho com composições marcantes e viciantes. Um álbum que não deve agradar aos fãs mais ortodoxos de Thrash Metal, mas que provavelmente revigorará o sentimento adormecido de muitos fãs que reconhecem o valor da sua discografia tanto nos anos 80 como nos anos 90.
Nota: 9,0
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