O ano de 2017 foi um grande ano, repleto de grandes lançamentos em diversos gêneros, seja Heavy Metal, rock progressivo ou Hard Rock/ AOR, o que resultou numa lista bem eclética afinal. Eis a minha lista:
1. Álbum do Ano: THUNDER – RIP IT UP
2. AYREON – THE SOURCE
O genial multi-instrumentista Arjen Anthony Lucassen volta a cena com o exuberante “The Soure”. Importante ressaltar que esse trabalho retorna a saga "Forever", que ficou pausada para o lançamento do magistral “The Theory of Everything”.Mais uma vez, o time é farto e de primeira e conta, nos vocais, com as divas Floor Jansen (Nightwish) e Simone Simons (Epica). No time masculino, destaco Tobias Sammet (Edguy e Avantasia [o que selou de vez qualquer discussão sobre rivalidade entre os dois projetos, Amém!]), James Labrie (Dream Theater), Hanse Kürsch (Blind Guardian) e Russel Allen ( Symphony X e Adrenaline Mob) . No time dos instrumentistas cito, o guitarrista Paul Gilbert (Mr. Big), Mark Kelly (Marillion) nos sintetizadores e, o sempre presente, Ed Warby nas baquetas. Bem, para quem conhece o Ayreon sabe que o que encontramos no projeto em termos de sonoridade é aquela mistura de Rock e Metal Progressivo, revisitando várias décadas, adicionando aquele ar Space Rock, uma pitada Folk e, é claro, tudo numa embalagem operística. Bem, o trabalho está realmente impecável e merece ser ouvido como um todo e na ordem exata. Mas, destaco a música de abertura, "The Day That The Word Breaks Down", onde todos os convidados participam e dá para sentir o que é o Ayreon.
3. THE NIGHT FLIGHT ORCHESTRA – AMBER GALACT
Eis aqui uma banda que não tem medo de se aventurar e se arriscar em explorar diversas sonoridades. Esses suecos são no mínimo extraordinários. Oriundos de bandas de Death Metal Melódico, Sharlee D’Angelo (Arch Enemy) e Bjön Strid (Soilwork) se uniram pra formar uma banda de estilo bem distinto, rotulados por alguns críticos como AOR e Hard Rock Melódico, sonoridade até bem explorada nos dois primeiros trabalhos. Mas, o que esses caras conseguiram atingir em "Amber Galact" é algo, para esse humilde ouvinte, “inrotulável”. Me reservo, apenas, a classificar como um álbum de Rock. E que absurdo de álbum de Rock! Misturando Rock Clássico, Hard Rock, AOR, Disco e Música Eletrônica à uma roupagem vintage, 70’s e 80’s, foi concebido um disco bem “rocker” e extremamente dançante, gerando uma atmosfera muito descontraída e empolgante. O que dizer do meu “xodó” " Domino", uma Disco/Rock desconcertante? E "Midnight Flyer", um super hit que é iniciado e finalizado por uma narrativa feminina em português brasileiro? Além das excelentes "Gemini", "Sad State of Affairs" e, da provável melhor faixa, "Saturn in Velvet". Enfim, "The Nigth Flight Orchestra" é uma daquelas bandas que não podemos nos permitir negligenciar.
4. EUROPE – WALK THE EARTH
A gigante do Rock Sueco, Europe, que teve seu apogeu na era Glam, com o aclamado "The Final Countdown", parou suas atividades em 1991 e desde o fim do hiato, em 2003, a banda de Joe Tempest, vem mantendo o "forno" em altas temperaturas. A partir de então, ficou claro a mudança de direcionamento adotada pela banda, que passou a enveredar por linhas mais blueseiras, mais pesadas e com mais elementos do Heavy Metal tradicional. E o impressionante é como essa mudança fez bem para a banda, que desde o retorno, já lançou 6 álbuns mantendo um altíssimo nível técnico e uma sinergia incrível, resultando em trabalhos muito orgânicos e com muito feeling. Com o lançamento de "Walk The Earth", décimo primeiro álbum da banda, podemos constatar a plenitude da forma em que o Europe se encontra. Peso, atitude, “time”, ousadia, Rock, Metal, Stoner, Europe... Destaques para as faixas: "Walk The Earth", "Election Day", "Wolves" e "Turn to Dust".
5. STEVE HACKET – THE NIGHT SIREN
6. KREATOR – GODS OF VIOLENCE
Depois do petardo "Phanton Antichrist", onde é impossível respirar, os “monstros” do Thrash Metal alemão, Kreator, nos presenteiam com o violento e melódico, "Gods of Violence". Álbum com muito peso e velocidade, mas também, com muitas passagens melódicas e solos de guitarra repletos de muita harmonia e feeling, que dão a "Gods of Violence" uma sonoridade que mescla Power Metal com Thrash Metal, lembrando uma mistura de Blind Guardian, Accept com o próprio Kreator. Confesso que esse resultado alcançado aqui me agrada mais. É preciso elogiar também o ótimo trabalho a frente dos vocais por Miland “Mille” Petrozza, também guitarrista. Escutem: "Satan is Real", "Totalitarian Terror", "Army of Storms" e "Fallen Brothers". Ah! Na boa? Ouçam o álbum todo!
7. STEVEN WILSON – TO THE BONES
O que falar sobre Mr. Steven Wilson? Qualquer adjetivo que não seja extraordinário, ousado e genial é pouco para representar esse compositor, produtor, cantor e multi-instrumentista inglês. Desde o inicio de sua carreira, Steven Wilson vem explorando diversas sonoridades como: Psicodelismo, Space Rock, Metal Progressivo, Rock Atmosférico e até Pop. Vamos ao que interessa: após o bem sucedido "Hand Cannot Erase", um álbum de Rock Progressivo com alguma pegada Pop, Mr. Wilson ousa ainda mais ao lançar "To The Bones", um álbum Pop com momentos bem atmosféricos, passagens bem introspectivas e um leve salpicar do Progressivo. E para quem torceu o nariz digo, ficou bom de mais! Na verdade, ficou sensacional! Tudo encaixando e se harmonizando de forma simbiótica. A faixa "Refuge", com toda sua densa atmosfera, é lindíssima. "Pariah" é outra joia do álbum, com Stevem Wilson dividindo os vocais com a bela e potente voz da cantora israelense Ninet Tayeb, que aparece também em "Blank Tapes". "Permanating" é a mais “animadinha” das faixas, podendo causar um pouco de estranheza nas primeiras audições pela sua pegada muito Pop dançante, mais nada como mais algumas boas ouvidas para perceber que se trata de uma ótima música. Contudo, a melhor faixa, no minha opinião, é "The Same Asylum As Before" com sua pegada mais “rocker” e com uma pitada de peso em seu andamento.
O fato é que Mr. Steven Wilson não nos decepciona.
8. DEEP PURPLE - INFINITE
Se alguém na face da terra ousou a cogitar que o Deep Purple estava acabado, a dizer que Ian Gillan não cantava mais nada, que não havia mais o mestre Jon Lord e que sem a guitarra do lendário Ritchie Blackmore seria impossível a banda construir algo de qualidade, pra esses lhes digo, "Vá lavar a boca e ouvir esse álbum fabuloso!". "Infinite" é uma verdadeira aula de Rock n' Roll. Com Gillan mandando super bem nos vocais (lógico que com tons mais baixos e mostrando uma bela capacidade de adaptar sua voz às suas atuais possibilidades), Don Airey desfilando classe e agressividade nas teclas, Steve Morse solando e usando riffs poderosos junto à competência do baixo de Roger Glover e a elegância jazzística do Lord Ian Pace, nasce "Infinite", um verdadeiro cala-bocas para os chatos que se denominam críticos. Para esses recomendo, " Vão passar a vida inteira ouvindo 'Machine Head', 'In Rock' e 'Fireball' e não encham o saco!". Desculpas pela agressividade! Destaques para: "Hip Boots", "One Night in Vegas", "The Surprising", "Birds of Prey" e para a versão fantástica de "Roadhouse Blues" (cover de The Doors).
9. BIG BIG TRAIN - GRIMSPOUND
Quem ouviu o fantástico "Folklore" em 2016 e se espantou com outro lançamento já em 2017, desconfiando do nível que seu sucessor atingiria, pode ficar calmo, pois estamos falando de Big Big Train, e "Grimspound", a meu ver, supera seu antecessor. A coesão, a fluidez e a dinâmica com que o álbum se desenrola são fascinantes. Todos os instrumentos se comunicam tão perfeitamente que parece estarmos em um concerto de uma grande filarmônica. Uma verdadeira aula de Rock Progressivo Sinfônico. Os oito integrantes tocando numa sinergia de fazer tanto o coração bater mais rápido com a bateria do extraordinário Nick D’Virgilio, quanto se abrandar com as notas melódicas do violino da Rachel Hall em "Experimental Gentlemen". O álbum merece ser ouvido como um todo, mas deixo destacado a ótima épica "Brave Capitain", a delicada e Folk "Meadowland", a faixa título "Grimspound", a exuberante "The Ivy Gate", com um gotoso jogo de vozes (feminina e masculina) e uma virada no andamento sensacional na sua metade, e a enorme "A Mead Hall in Winter", com seus mais de 15 minutos, um música feita para todos brilharem.
10. RAINTIMES - RAINTIMES
O baterista Pierpaolo “Zorro” Monti, da excelente banda Room Experience, junto ao seu compatriota Davide “Dave Rox” Barbieri, tecladista da banda Charming Grace, lançam um novo trabalho de estúdio a frente da debutante, Raintimes. O time ainda conta com o experiente vocalista Michael Shotton (Von Groove) que dá um verdadeiro show, abusando de notas altíssimas e inundadas emoção. O debut homônimo é um verdadeiro deleite para os amantes do AOR, contendo todos aqueles elementos indispensáveis ao estilo: muita melodia, teclados e sintetizadores em abundância, refrões grudentos, interpretações emotivas e letras carregadas de sentimento. "Forever Gone", "Swan, Just a Little Bit More" e "Empty Days" são grandes exemplos desse envolvente trabalho.
MENÇÕES HONROSAS
.THRESHOLD: Após a saída de Damian Wilson, o Threshold chama de volta o vocalista Glynn Moorgan (vocal no segundo álbum, "Psychedelicatessen") que possui um estilo diferente do seu antecessor, mais voltado para o Hard Rock e AOR. E entendo que essa mudança no vocal trouxe um frescor a mais, que na minha visão, a banda estava precisando. "Legends of The Shires" é um álbum duplo, naquele estilo característico do Threshold, Metal Progressivo com momentos de Rock Progressivo sem firulas. E agora com uma pegada Hard Melódico, muito pelas características do Glynn. É um trabalho longo, porém com muita qualidade e regularidade.
.SONS OF APOLLO: Esse supergrupo formado pelo inquieto e estupendo baterista Mike Portnoy, pelo baixista Billy Sheehan, pelo tecladista Derek Sherinian, pelo talentoso vocalista Jeff Scott Soto e pelo guitarrista Ron “Bumblefoot” Thal, lançou em 2017 o excelente álbum de Metal Progressivo, "Psychotic Symphony". Apesar de muito bom e exibindo excelente técnica – também pudera, com esse time – achei um pouco carente de feeling e acredito que poderia ter sido um pouco mais empolgante. Mais enfim, para os amantes do estilo, vale muito a pena ouvi-lo.
HAREM SCAREM – UNITED: Certamente um dos maiores nomes da cena do Hard Rock Melódico do Canadá, o Harem Scarem volta aos holofotes com o saudosista United. Esse é o terceiro álbum desde que a banda se reuniu em 2013, após um breve hiato iniciado em 2008. Com uma sonoridade bem nostálgica, nos remetendo ao inicio dos anos 90, o United vem com um som bem encorpado (ótimos riffs), muito melódico e uma boa pitada pop de qualidade. Vale destacar também o ótimo trabalho nas linhas vocais de Harry Hess e dos excelentes backing vocals de Daren Smith, baterista da banda.
MARTY FRIEDMAN – WALL OF SOUND: Uma boa dica vinda de 2017 é o bom trabalho do ótimo guitarrista Marty Friedman, mas conhecido por seus quase 10 anos no Megadeth, com o álbum "Wall of Sound". Bem, além da faixa "Something to Fight", todas as outras 10 faixas são apenas instrumentais. Mas, não pense ser um álbum chato e repetitivo, longe disso. Marty aproveita para explorar várias sonoridades dentro do Rock e do Metal, indo desde o Thrash e Death Metal ao Rock Atmosférico e Space Rock (o que causou uma agradável estranheza nas primeiras audições), além de uma ótima pegada progressiva.
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