terça-feira, 3 de maio de 2016

Centurion Live: Marillion - 30/04/16 - Vivo Rio



Com Set-List baseado em hits certeiros da carreira, o Marillion emociona cariocas de diferentes gerações em belíssimo show


   Mesmo não tendo o tamanho de uma megabanda, o Marillion certamente  pode se orgulhar de ter uma das bases mais fiéis de fãs. A banda deu pontapé inicial a sua turnê latino-americana, sendo o Rio apenas o segundo lugar a recebê-los. E, notadamente, mesmo já sendo sua terceira visita aqui desde 2012, havia muita expectativa por parte do público.

   O telão no fundo do palco com todas as logos já usadas no decorrer de mais de 30 anos de carreira denunciavam uma possível homenagem a todas as fases. Como de praxe, havia consultado horas antes o set-list do show de São Paulo. Entretanto, uma coisa que podemos concluir do Marillion é que eles nunca se repetem, e algumas gratas surpresas estariam por vir naquela noite.

   As luzes se apagam, a banda sobe ao palco e a guitarra certeira de Steve Rothery leva os fãs ao êxtase. Eram os acordes introdutórios de "The King Of Sunset Town", talvez a música mais perfeita da carreira do Marillion para se abrir um show. Empolgante e acessível, a clássica track 1 do disco de estréia do vocalista Steve Hogarth no grupo [ "Seasons End"], leva boa parte do público presente a cantá-la em uníssono. A banda se mostra bastante entrosada e feliz no palco, apesar da explícita timidez dos integrantes, com exceção de Hogarth, sempre demasiadamente expressivo e agitado, e por vezes até engraçado.




   O show segue e canções como "Power", " You`re Gone" " Cover My Eyes ( Pain And Heaven)" e " Hooks In You" confirmam a escolha por um set-list mais acessível para o público não tão conhecedor da carreira dos ingleses. Entretanto, a despeito de alguns resmungos de fãs mais ortodoxos, o que posso dizer é que o Marillion é uma das poucas bandas que consegue explorar uma faceta mais pop com muita sofisticação e bom gosto. Então, o repertório aparentemente não foi grande problema, sem contar que há muitos que reclamariam pela ausência de um ou outro hit.

   Voltando ao show, a banda emenda um clássico da era Fish (um grande hit também), mas uma música que é praticamente unanimidade entre os diferentes ouvintes do Marillion. Trata-se de " Sugar Mice", do excelente " Clutching At Straws". E o público presente, emocionado, canta em coro mais uma vez. Destaque para o brilhante solo de guitarra de Steve Rothery no melhor estilo David Gilmour.

   A seguir, uma pequena surpresa: um set fortemente acústico é iniciado pela suave " Afraid Of Sunrise", que trata de acalmar um pouco os ânimos dos presentes, dando um clima mais intimista à apresentação. E , falando em clima, " Man Of 1000 Faces", é outra que impressiona pela vibração quase que tribal que adquire em seu fim, num "crescendo" deveras envolvente.




   E então, ainda com seu violão, eis que Rothery dá início aos primeiros acordes de " Easter". Uma canção absolutamente mágica, etérea e de uma beleza ímpar. Um dos feitos mais incríveis de uma grande música é sua capacidade de causar a mesma emoção da primeira vez, não importa quantas vezes seja reouvida. E mais uma vez, este que vos escreve estava lá, absolutamente devastado pelas emoções, rendido pelo poder de elevação proporcionado pelos teclados de Mark Kelly e pelo solo de guitarra lindíssimo de Steve Rothery.

   A seguir, a nostalgia toma o espaço do Vivo Rio por completo. Steve Hogarth anuncia o megahit " Kayleigh", que é cantado em coro de seu início ao fim pelos presentes. Mas, a alegria maior se confirmaria logo a seguir: mais uma vez, como em 2012, os cariocas com seus cartazes e pedidos aos berros clamam por " Lavender". Hogarth sentado à beira do palco se diverte, vira para Mark Kelly e aponta para o público, como quem diz, " Olha o que eles estão pedindo. Vamos atendê-los , por que não?". E para comoção geral, mais uma vez " Lavender"! Reações desde choros a sorrisos de ponta a ponta configuravam os rostos dos presentes.

  A bela " Sounds That Can`t Be Made" e suas camadas densas de teclado vem a seguir. Mas, infelizmente, um grave defeito técnico justamente no momento do solo de sintetizador de Kelly, leva a interrupção de sua execução. Uma pena, mas sem muitas delongas, a banda trata de dar início a " Afraid Of Sunlight", mais uma das muitas belas canções da carreira do Marillion.

   Fechando a primeira parte, a banda presenteia os fãs com uma bela homenagem aos já falecidos grandes artistas do cinema, da música, do rock e da cultura pop em geral. No telão, imagens de grandes figuras como John Lennon, Elvis Presley, Jimmy Hendrix, Lemmy Kilmilster, Whitney Houston, Marylin Monroe, entre outras, eram embaladas por uma trilha sonora de tirar o fôlego: King, uma das canções mais rockeiras e enérgicas da carreira da banda. Mas, a homenagem exibida no telão era tão boa que por pouco não deixamos passar desapercebido mais uma grande performance da banda.




   O grupo sai de cena e retorna para o seu primeiro bis com o épico " Invisible Man". Uma imagem gigante de Hogarth surge na tela, vestindo terno e óculos. O vocalista trata de abusar de sua destreza expressiva, numa interpretação digna de um grande ator. O longo épico segue com suas mudanças de andamento e nuances, agradando em cheio os amantes do lado mais progressivo da banda.

   O segundo bis surge e temos a bela e radiofônica " Beautiful", sucedida em contraste por um pesado clássico da era Fish: " The Garden Party", do debut " Script For a Jester`s Tear" para encantamento dos presentes. E num tom animado e festivo, como sugere seu título, a canção gerou euforia no público. Mais uma grande noite chegava ao seu fim. Com uma apresentação girando em torno de duas horas, o desejo de que tudo se prolongasse por muito mais tempo se abate e um misto de alegria, completa satisfação e saudades continuou acompanhando este fã que vos escreve por um longo período. Restam as lembranças de mais uma belíssima apresentação desta clássica banda do rock progressivo.










   

 

























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