sábado, 13 de junho de 2015
Reviews: Resenha de Europe - War Of Kings
O Europe é uma banda que à primeira vista dispensa apresentações. Quem tem ao menos mais de 35 anos, independente de ser rockeiro ou não, certamente já ouviu alguma vez na vida o hit máximo " The Final Countdown". Entretanto, ser reconhecido por uma música ou uma fase de maior sucesso comercial da carreira, é mais uma das injustiças da vida e desse mercado musical cada vez mais cruel. Aquele período em que os suecos desfilavam um som AOR, se utilizando dos teclados e melodias açucaradas ao extremo, ficou para trás. Aliás, quem conhece um pouco mais a fundo carreira do grupo, sabe que isso não representa nem mesmo a essência de sua sonoridade. O guitarrista John Norum inclusive cansou de desdenhar do que faziam naquela época. Pois bem, a banda encerrou as atividades durante os anos 90 e voltou com tudo em 2003, predisposta a resgatar suas influências num som mais pesado e bem distante do feito em " The Final Countdown".
"War Of Kings" é o décimo álbum de estúdio do Europe, quinto após o retorno. O disco reafirma o progressivo desenvolvimento e amadurecimento da proposta iniciada em " Start From The Dark"(2004). Sem medo de mergulhar nos anos 70 e, ao mesmo tempo, demonstrando forte personalidade, os suecos parecem talvez ter alcançado o seu ápice de qualidade nesse novo formato.
A faixa título, cujo clipe pode ser conferido aqui, bem escolhida como música de trabalho, já expõe de cara a força do novo play. Pesada e envolvente, traz Joy Tempest explorando linhas vocais similares ao mestre Ronnie James Dio( que o diga o refrâo!). Um riff pesado e pegajoso de John Norum, somado a bem colocadas camas de teclado por Mic Michaeli, garantem todo o clima e hipnose gerados pela canção. Instrumental coeso, vocal impressionante, refrão marcante, elementos fortemente presentes aqui e no restante das faixas, como veremos a seguir.
A acelerada e empolgante " Hole In My Pocket" dá prosseguimento em alto nível, apesar de ficar um pouco deslocada em comparação às outras músicas, assemelhando-se em parte ao estilo do álbum " Last Look At Eden" ( 2009). Já " Second Day" e " Praise You" nos mostra o inacreditável feeling blueseiro explorado pela banda ultimamente. Destaco aqui a performance magistral do guitarrista John Norum. Sem precisar de muita técnica, em poucas notas, ele é capaz de expressar o que quer. E como não se empolgar com os refrões? Em " Second Day", Joey Tempest atinge notas mais altas, com incrível emoção, num dos momentos acachapantes e marcantes do disco.
O álbum segue bem balanceado, alternando momentos mais melódicos e suaves como em " California 405" e na acessível e deliciosa " Days Of Rock n Roll", com outros mais pesados, que nos remetem a lendas como Led Zeppelin e Black Sabbath, como em " Nothin To Ya", com um riff "encomendado" por Tony Iommy, e " Children Of The Mind". Aliás, a última consiste em mais um dos grandes momentos do álbum. Se em " War Of Kings", Joy Tempest nos fazia lembrar do saudoso Dio, aqui ele quase que o incorpora num poderoso refrão. Que o mestre me perdoe, mas me pareceu impossível não lembrar dele aqui. O refrão parece ter sido feito sob medida para ele. E a empolgação não pára por aí, pois o trecho instrumental lá pelo final da música com um solo de John Norum, emendado por outro do teclado de Mic Michaeli são uma coisa literalmente fora de série.
Em seguida, outro grande destaque do disco, " Rainbow Bridge", explora muito bem os dois pólos do disco. Com peso e clima oriental que nos remete ao Rainbow ( coincidência?), nos apresenta outro refrão acachapante, onde a banda explora toda a sua capacidade de criar grandes melodias.
As baladas parecem ser um item quase que obrigatório para uma banda de Hard Rock. Mas, ao invés de seguir o caminho manjado de uma " Carrie", em "Angels ( With Broken Hearts), décima faixa, o Europe esbanja um blues romântico a la Gary Moore com uma categoria e feeling incríveis. Mais uma vez, todos os predicados por mim citados em músicas como " Second Day" e " Praise You" aparecem por aqui.
A versão normal do álbum se encerra com " Light Me Up", um Hard Rock com forte pegada Rock and Roll, um riff marcante e uma bateria avassaladora, que nos coloca de volta aos " Days Of Rock n Roll", com o perdão do trocadilho. E a cereja do bolo fica para o final: que solo do mestre John Norum! Sem palavras para descrever tamanha categoria. Ainda, na versão deluxe, em " Vasatan", temos um breve momento instrumental, onde mais uma vez o próprio John sola de forma belíssima.
" War Of Kings" chega ao fim e a vontade de reouvi-lo por inúmeras vezes é inevitável! Não há menor dúvida de que os músicos acertaram em cheio. Com uma produção perfeita e cristalina a cargo de Dave Cobb ( Rival Sons), instrumental coeso, músicas bem balanceadas, grande eficiência melódica e performance irrepreensível dos seus membros, o Europe parece ter alcançado o seu ápice na atual fase, conseguindo inclusive, superar " Bag Of Bones" ( 2012). Forte candidato a listas de melhores do ano!
Nota: 9,5
"War Of Kings" track listing:
01. War Of Kings
02. Hole In My Pocket
03. The Second Day
04. Praise You
05. Nothin' To Ya
06. California 405
07. Days Of Rock 'N' Roll
08. Children Of The Mind
09. Rainbow Bridge
10. Angels (With Broken Hearts)
11. Light It Up
12. Vasastan (instrumental) (bonus track)
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