sábado, 11 de fevereiro de 2017

Os melhores álbuns de 2016 segundo Daniel Luis

                                                    
                                                           


   O ano de 2016 foi marcado por grandes lançamentos, principalmente no meio do rock/metal progressivo, e também dentro de outros estilos. O que dificultou e muito para escolher somente 10 álbuns para a lista dos melhores, devido a alta qualidade de boa parte deles, contando com algumas surpresas inclusive. No entanto tivemos algumas poucas decepções também que é melhor nem citar, e outros álbuns que foram adiados por motivos diversos, mantendo a ansiedade para 2017. Fique agora com a minha lista, aproveite para conhecer algumas das bandas e resgatar para sua playlist as mais antigas.


1. Thank You Scientist - Strange Heads Prevail


                                                   



   O Thank You Scientist é uma banda norte americana de New Jersey que foi uma das melhores recomendações que recebi em 2016. Com a ousada proposta dos 6 integrantes de misturar o metal progressivo com jazz-fusion, utilizando inclusive instrumentos de sopro e violino na empreitada, aliado a um vocal peculiar que em muitos momentos nos remete ao icônico Michael Jackson. A princípio ao ler isso muitos podem achar estranha tal combinação, assim como eu achei, mas ao ouvir o som desses ótimos músicos, perceberá que tudo soa de forma natural e bem arranjada, tamanha a dedicação e sincronia da banda, me conquistando na primeira ouvida e se tornando melhor a cada nova audição.

   E por que uma banda recém descoberta e com tão pouco tempo de estrada ganhou o meu primeiro lugar, mesmo num ano com outros lançamentos de igual valor? Por toda a criatividade dos músicos, algo inerente ao progressivo que só ganha mais com as improvisações jazzísticas (já notório no primeiro lançamento) e que se aprimoram com "Strange Heads Prevail", o álbum que mais me empolgou no último ano com sua temática sobre relações interpessoais e sentimentos conflitantes que casam perfeitamente com a amálgama musical.

   O sexteto é composto por Salvatore Marrano (Vocal), Tom Monda (guitarra, sitar, shamisen), Cody McCory (baixo), Ben Karas (violino elétrico), Odin Alvares (bateria e percussão), Ellis Jasenovic (saxofone) e Andrew Digrius (trompete, fliscorno, sintetizador).





2. Katatonia - The Fall Of Hearts

                                 


   Os suecos do Katatonia, já estão na ativa desde 1991, começando sua carreira com uma sonoridade Doom/Death Metal que foi se moldando ao longo dos anos, passando pelo Gótico ao Alternativo até chegar na fase Progressiva da atualidade com seu décimo álbum, "The Fall Of Hearts". Com algumas mudanças de formação ao longo dos anos, mantendo-se apenas Jonas Henkse (vocal/guitarra) e Anders Nystrom (guitarra e backing vocals) como membros fundadores, os músicos criaram o seu melhor trabalho até agora, mostrando como foram se aperfeiçoando com o tempo, com uma sonoridade melancólica, que mescla o peso e a complexidade do metal progressivo, aliada a peculiar voz de Jonas, temos um trabalho ímpar em qualidade. Com a temática sobre o amor, a sonoridade do grupo cai como uma luva e flui naturalmente nessa viagem emocionante que deveria ser apreciada junto com um bom e velho vinho, pois assim como a banda só melhora com o passar dos anos.







3. Haken - Affinity


                                           


    Formada em Londres no ano de 2007, por Richard Henshall (guitarrista/tecladista), Ross Jennings (vocal) e aos poucos sendo adicionados os demais membros que foram completando o time, temos Charles Griffths (guitarra), Raymond Hearn (bateria), Diego Tejeda (teclados) e Conner Green (baixo). O sexteto de metal progressivo desde seu início e ao longo de 4 álbuns, sempre procurou mostrar em suas músicas, uma mistura os elementos clássicos e modernos do estilo, além das inovações e experimentações sempre acertadas que utilizaram, tendo seu melhor desempenho com "The Mountain" (2013).

   Sem medo de ousar mais uma vez, o líder e principal compositor, Henshall deu ainda mais controle criativo para os demais membros da banda, e juntos se propuseram e misturar os elementos dos anos 80 do estilo, com elementos eletrônicos e de Djent, num álbum conceitual sobre a relação e evolução do homem com a máquina, chamado "Affinity", e mais uma vez os músicos acertaram em cheio.







4. Metallica - Hardwired... To Self Destruct



                                   



   Os veteranos do Metallica dispensam apresentações, e depois de um longo jejum de 8 anos, o quarteto de Thrash Metal enfim lançou um novo álbum, e depois de tantas enrolações e turnês saudosistas, os músicos realmente surpreenderam. Com "Hardwired...To Self-Destruct", James Hetfield, o cara por trás de todas as composições volta a mostrar o seu melhor, mesclando elementos de toda a carreira da banda muito bem distribuídos ao longo de 12 músicas, trazendo uma identidade forte e conseguindo não soar saudosista somente como "Death Magnetic". O baterista Lars Ulrich tão criticado pela perda de qualidade de sua técnica mostra toda a sua agressividade, com um desempenho melhor do que o esperado e sincronizado com cada música, o guitarrista Kirk Hammet consegue variar mais nos solos e realmente empolgar em certos momentos, enquanto o baixista Trujillo continua fazendo bem a sua parte casando seu estilo com o da banda. O Metallica realmente foi uma das grandes surpresas de 2016, depois de muitos terem perdido a fé no grupo, eu inclusive, posso afirmar que a mesma foi restaurada nos primeiros riffs de guitarra da primeira até a última música, conseguindo convencer dos fãs mais exigentes até os não fãs.





5. Meshuggah - The Violent Sleep of Reason


                                      



   O Meshuggah é uma banda de metal extremo sueca fundada em 1987.  Contendo elementos de death e Groove Metal, Math Metal e incluindo Djent e até progressivo ao longo dos anos graças a adição das guitarras de 8 cordas, vocais agressivos e polirritmia instrumental, o quinteto se destacou dentro e fora do estilo, ao longo dos 30 anos de carreira, com vários de seus músicos se tornando referências para bandas novas e antigas. Confesso que não conhecia muito da banda, já havia ouvido algumas músicas aleatórias de vários álbuns, mas nunca parado para prestar a atenção que os caras mereciam, e ao saber que os músicos lançariam um novo álbum em 2016, busquei para ouvir "The Violent Sleep of Reason" e imediatamente me convenci do motivo de serem tão conceituados. A sonoridade proposta é executada com primor e ténica e considero obrigatória para todos àqueles que apreciam o lado mais extremo do metal com todas as suas vertentes sendo muito bem exploradas de forma coesa e carregada de identidade.




6. Epica - The Holographic Principle


                                  



   Sendo uma das minhas bandas preferidas, os holandeses do Epica sempre acabam tendo um espaço na minha lista de melhores, tendo sido os primeiros colocados em 2014 e agora figuram na sexta colocação. Formada pelo guitarrista e vocalista Mark Jansen em 2003, contando com a incrível vocalista Simone Simons, e algumas mudanças de formação ao longo dos anos que só conseguiram aperfeiçoar ainda mais a qualidade musical da banda, sendo a formação atual a melhor que já tiveram e espero que a mantenham assim por um longo tempo. Sucedendo o excelente "The Quantum Enigma" (2014), os músicos tinham a missão de criar um sucessor à altura ou até melhor e assim focaram ainda mais no lado sinfônico de suas músicas aliado aos demais elementos tão bem explorados antes e assim nasceu "The Holographic Principle". O álbum em questão supera seu antecessor no lado sinfônico, mas apresenta poucas novidades em relação ao mesmo que conseguiu aliar todos os elementos da banda de forma simétrica, ainda assim mantendo o alto padrão musical já consagrado. O Epica possui uma carreira estável e bem consagrada, uma banda que evolui gradativamente mantendo seu estilo sem soar repetitivo e consegue sempre empolgar a cada ouvida, e que venham mais shows da banda pelo Brasil, que estarei lá.





7. Opeth - Sorceress



                               

  O Opeth é mais uma das bandas suecas que adoro ouvir, tendo em seu fundador e principal compositor Mikael Akerfeldt como seu representante direto, com seu primeiro lançamento sido feito em 1995, várias mudanças de formação e produzido 12 álbuns ao longo da carreira. O Opeth começou como uma banda de Black/Death Metal e foi gradativamente incluindo mais elementos do progressivo com adição de vocais limpos de Akerfeldt (que já fazia os guturais), maior complexidade técnica e variações climáticas que consagraram a banda como principal expoente do estilo.

   Quando Akerfeldt decidiu fazer uma completa mudança na musicalidade do grupo, abandonando o lado mais extremo e mergulhando de cabeça no progressivo setentista, muitos foram àqueles que abandonaram a banda, assim como esse que vos escreve no álbum "Heritage" (2011), no entanto 3 anos depois, voltei a ouvir o mesmo álbum e assimilei melhor, mesmo sentindo falta da identidade da banda, resolvi continuar acompanhando e com "Pale Comunion" (2014), que continuou a proposta mas apresentou mais elementos originais, fui convencido com essa nova roupagem, tanto que o álbum esteve na minha lista de melhores do ano citado. E finalmente em 2016, a banda nos presenteia com "Sorceress", o melhor álbum dessa nova fase até então, devido a sua forte identidade mais presente, momentos de Stoner Rock muito bem incluídos dando mais peso, e também pela gama maior de influências muito bem dosadas em cada música, trazendo uma mistura de sensações de forma singular.





8. Myrath - Legacy


                                             


   Formada na Tunísia em 2001, a banda Myrath (que em árabe significa legado), criou seu estilo ao utilizar os elementos de metal oriental com o progressivo numa ótima combinação, com apenas 4 álbuns lançados, os competentes músicos conseguiram se estabelecer no cenário do país e também em alguns cantos pelo mundo. Contando com a característica voz de Zaher Zorgati, na poderosa guitarra de Malek Ben Arbia, nos climáticos teclados de Elys Bouchocha, além de muito bem acompanhados pelo baixo de Anis Jouini e bateria/percussão de Morghan Bertet, o quinteto foi a cada lançamento fortalecendo sua identidade oriental sem deixar o progressivo de lado na qualidade de suas composições. Tendo em "Desert Call"(2010) o ápice da fase mais progressiva, e agora em "Legacy" o melhor momento da fase de composições mais diretas de alta qualidade (2016).

   Como já falado acima, "Legacy" consegue ser um primor de técnica e qualidade, conseguindo algo que poucos conseguem ao utilizar músicas mais curtas para mostrar todo o seu entrosamento e variações instrumentais e ainda assim se tornar mais acessível abrangendo um público ainda maior. E cada ouvida, se percebe mais detalhes devido ao tamanho capricho do quinteto, o que torna todo o álbum viciante.







9. Diamond Head - Diamond Head



                                



   Diamond Head é uma banda inglesa de Heavy Metal fundada em 1976, sendo altamente conhecida como uma das precursoras do NWOBHM (New Wave Of British Heavy Metal), tendo um alto grau de importância e influência dentro do cenário e para muitas bandas que viriam a surgir anos depois. E agora confesso uma heresia ao afirmar que conhecia pouco da banda, para dizer a verdade quase nada, sendo que só havia ouvido aleatoriamente algumas das músicas mais conhecidas da primeira era, e mesmo me agradando boa parte delas, acabei deixando passar e não me aprofundei mais, até agora ao ouvir o novo álbum auto intitulado "Diamond Head".

   Tendo em seu novo vocalista, Rasmus Bon Andersen (terceiro desde a formação da banda) o seu grande destaque, com toda a sua potencia e variação vocal, além da sempre presente imponência dos riffs e solos de guitarra do membro fundador Brian Tatler. Contendo 11 ótimas músicas que mantém um alto nível do início ao fim, passando por momentos do mais puro Heavy Metal mais acelerado ao mais cadenciado, empolgando cada vez mais a cada ouvida, um álbum que mostra todo o vigor desses experientes músicos que ainda podem ter longos anos pela frente. E fica a dica para quem apreciar o som dos músicos, de procurar toda a discografia da banda assim como farei.






10. Alter Bridge - The Last Hero


                                  



   Após a dissolução do Creed em 2004, os músicos Mark Tremonti (guitarra), Brian Marshall (baixo) e Scott Phillips (bateria) se reuniram com o ótimo vocalista/guitarrista Miles Kennedy em Orlando, California e assim formaram o Alter Bridge. Desde então mantendo uma formação fixa, a banda de metal alternativo já lançou 5 álbuns, mostrando uma evolução constante, conseguindo se desvincular completamente da sonoridade mais comercial de início, ganhando mais peso e técnica e se firmando cada vez mais dentro do cenário musical. Com seu novo lançamento "The Last Hero" (2016), o quarteto resolveu combinar todo o peso de "Fortress" e o lado mais melódico de "Blackbird" (2007) de uma forma mais sombria, com a temática sobre ser um herói numa sociedade com pessoas desiludidas com seus líderes.

   O álbum "The Last Hero" cumpre bem o seu papel, principalmente quando mistura o lado mais pesado com o melódico e nesse ponto tem os seus melhores momentos, principalmente nas primeiras e últimas músicas carregadas de energia, no entanto não sustenta com o mesmo primor em algumas faixas espalhadas no meio, devido a momentos mais comerciais que acabam não acrescentando muito no conjunto geral. Ainda assim o álbum se mantém como um dos melhores da banda, mesmo não conseguindo superar o seu antecessor, ainda possue muita energia para queimar e empolgar os fãs.









Menções honrosas:


1. Witchcraft - Nucleus: Banda Sueca de Stoner Rock/Doom Metal, formada por Margnus Pelander, volta a ser novamente apenas um trio e lança o seu melhor álbum, mergulhando de cabeça no progressivo mais obscuro e viajante. Trazendo momentos mais cadenciados e pesados, com maior experimentação, o trio mostra toda as suas habilidades em incríveis momentos, que mesmo contendo alguns excessos, se sai muito bem no contexto geral;

2. The Neal Morse Band - The Similitude of a Dream: Segundo álbum do super grupo de rock progressivo formado por Neal Morse, Mike Portnoy, Randy George, Eric Gillete e Bill Hubauer. Com a temática conceitual baseada no livro "The Pilgrim's Progress" de Jonh Bunyan, contada ao longo de 23 músicas que se entrelaçam de tal forma, que parecem ser uma única peça dividida em várias partes que se completam. Interessante, diversificado, primoroso e épico;

3. Ihsahn - Arktis: Sexto álbum solo do multi-instrumentista e vocalista norueguês Ihsahn (Vegard Sverre Tveitan), mais conhecido pela banda de Black Metal, Emperor. Com "Arktis" o músico foi além do progressivo e Black Metal e abusa ainda mais da experimentação, com incríveis variações ambientais e climáticas e mais participações especiais, enriquecendo ainda mais a sonoridade das músicas;

4. Motorgun - Motorgun: Power Trio brasileiro formado por Bebeto Daroz (vocalista e guitarrista) e pelos irmãos Edinho Neto (baixo) e Leo Rodrigues (bateria) em 2003. Com longos anos de estrada e shows de covers de Black Sabbath, Led Zeppelin e Soundgarden, os músicos ganharam muita experiência e por fim conseguiram em 2016 lançar seu álbum de inéditas, mostrando o melhor do estilo Stoner Rock e ainda assim conseguindo se sobressair do lugar comum, com toda a qualidade técnica dos músicos que devem ganhar mais espaço nos próximos anos;

5. Universal Mind Project - The Jaguar Priest : Primeiro álbum do super grupo formado por Mikael Alexander e outros músicos de diversos países, dentre eles Michael LePond (baixista, Symphony X), Charlie Domminicci (ex vocalista do Dream Theater), Elina Laivera (ex vocalista do Seduce To Heaven), dentre outros. Em seu álbum de estreia, os músicos criam um Prog/Power de qualidade que se destaca instrumentalmente e ainda mais nas linhas vocais riquíssimas, com um enorme potencial que apenas começou a ser explorado.


Outras Escolhas...

Show do Ano: Angra - Turne de 20 anos do álbum  "Holy Land"

Show que gostaria de assistir em 2017: Tool

Melhor Capa: Epica - The Holographic Principle

                                 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente Aqui: