domingo, 4 de março de 2018

Os Melhores Álbuns de 2017 Segundo Luis Fernando Rios





   O ano de 2017 foi um ano e tanto recheado de lançamentos impressionantes, o que transformou a montagem desta lista em uma ardorosa e, ao mesmo tempo, deliciosa missão. Compartilho com vocês agora um pouco do melhor que passou pelos meus ouvidos neste ano:

1. ÁLBUM DO ANO: EUROPE - WALK THE EARTH







   Acompanhem comigo...

1. Walk The Earth (Uma das melhores músicas que eles fizeram na carreira).

2. The Siege (Nossa mente cercada por forças armadas de incontáveis acordes fabulosos. Mística).

3. Kingdom United (Riff mágico! Digna de uma batalha medieval).

4. Pictures (Mais uma balada inesquecível. Eles pintaram um lindo quadro).

5. Election Day (Letra política, instrumental vigoroso, com belos teclados).

6. Wolves (Atmosfera tensa criada pelos teclados de Mic. Condução arrastada na batera. Riff pesado e solo inspirado de J. Norun. Uma maravilha).

7. GTO (Ritmo empolgante. Um hard rock veloz e com agudos invejáveis de J. Tempest)

8. Haze (Hard rock envolvente, rastejando pela neblina de notas vigorosas).

9. Whenever You Are Ready (Uma aula de guitarra envolta por uma base de teclados. Solo agressivo e mais um hard rock incrível).

10. Turn To Dust (Essa é uma daquelas que você não acredita que está ouvindo. Hammond, vocal belíssimo, guitarra harmoniosa e solo que te projeta nas nuvens. Uma obra de arte fechando o álbum).

   Um álbum inacreditável! Apesar de sabermos que o fim dos dias será igual para todos nós, por enquanto ‘’Walk The Earth’’ não nos transforma em pó, mas eleva nossas almas a paragens divinais!!






2. AYREON - THE SOURCE






   Aí está novamente Arjen Lucassen criando uma verdadeira pérola do Metal Progressivo. É aquilo que esperávamos? O de sempre? Acho que é muito mais. É muito significativo se compararmos com seus antecessores. Talvez o melhor trabalho deste multi-instrumentista fabuloso e criativo.

   Álbum conceitual, dando continuidade a cronologia de ficção científica que teve seu início lá pelos idos da década de 90. O interessante é que as obras (desde “The Final Experiment”, “Into The Electric Castle”, “01011001” e outras) apresentam toda a história entremeada aleatoriamente entre elas. O desenrolar da trama se dá de forma descontinuada. Ela vai e vem e agora em “The Source” mostra o início de tudo. Fascinante não? É o 9º álbum.

   A música traz bem mais guitarras do que os álbuns anteriores. A lista de convidados continua extensa. Os vocalistas Russel Allen, Tobias Sammet, Floor Jansen e James Labrie estão presentes e os músicos também, como Paul Gilbert e Ed Warby nas baquetas.

   O peso do heavy metal progressivo está muito evidenciado aqui, com os teclados dando a base, momentos folk que sempre caracterizaram as composições do Ayreon e as guitarras arrebentando nossos corações, com solos belíssimos e potentes.

   O que você tem a fazer agora é traduzir as letras se não é muito bom no inglês, se sentar confortavelmente e ouvir talvez o mais espetacular álbum de prog metal dos últimos tempos. E tenha certeza que você não conseguirá interromper. Só para trocar o CD que é duplo!! 

   Fantástico!!!!! 





3. DEEP PURPLE – INFINITE







   ‘’Infinite’’ não é um álbum que promove somente um pandemônio na sua cabeça. Desde os primeiros acordes de ‘’Time For Bedlam’’, ele simplesmente age como um terremoto sonoro, apresentando músicas sensacionais uma atrás da outra e performances arrasadoras dos "titios".

   É uma aula de hard rock: ‘All I Got Is You’’ e ‘’Get Me Outta Here’’ são fantásticas. ‘’The Surprising’’ é uma surpresa em tudo e ‘’Birds Of Pray’’ tem um riff incrível de Morse.

   O destaque do álbum a meu ver está na inventividade e atuação de Don Airey. Um músico que fez muita coisa boa ao longo de sua extensa carreira, mas nunca com um protagonismo de agora. Jon Lord faz falta? Óbvio que sim, mas Don capricha nas referências e o homenageia maravilhosamente

   Ian Gillan está impecável. Canta com maestria. Tive oportunidade de ver a banda no show da turnê e comprovei que ao vivo também não deixou barato! Steve Morse como sempre muito competente e aqui fazendo uma parceria perfeita com Airey. E Roger Glover compondo a cozinha lindamente com Ian Pace. (Ahhhh Ian Pace! Que gênio!). Meu batera favorito apresentando uma levada com técnica ainda apuradíssima e teias de viradas inconfundíveis.

   O que mais vem a seguir é clássico! Como o Purple sempre foi e sempre será para todo, sempre e além do infinito. Definitivamente emblemático! 





4. ROGER WATERS – IS THIS THE LIFE WE REALLY WANT?







   Quando eu era jovem, ouvindo Pink Floyd e curtindo as histórias sobre a banda em toda revista que comprava, entendia que Roger era o cara que pensava e escrevia a maioria das letras na era pós Syd Barret e os outros simplesmente tocavam o que era basicamente composto, arranjado e escrito por ele.

   Hoje, sabendo que não era bem assim o funcionamento, mas era isso que ficava evidenciado, entendo que o velho Roger continua praticamente o mesmo irascível de sempre aqui neste álbum. Mas, não obstante ele demonstrar seu gênio ácido, depressivo e anti-guerra, consigo entender sua música muito bem. E como ela me agrada! Esse álbum por exemplo, me pegou por todos aqueles clichês que Roger usa. É um trabalho de uma beleza fúnebre e melancólica, com letras complexas, formando uma colcha de retalhos de várias sonoridades do Floyd, remetendo-nos aos álbuns clássicos, ao mesmo tempo, em que não se dispôe de possuir uma identidade única. Essa obra consiste a meu ver, no melhor disco que ele fez pós Floyd.

   Sim, eu adorei o álbum. Eu fui lá em ‘’The Wall’’, ‘’The Final Cut’’ e ‘’The Pros And Cons...”, apreciando, sem me sentir ouvindo algo repetido ou datado. Eu gostei da pouca guitarra, um pouco das letras politizadas e muito dos teclados por todo álbum sem economia.

   Essa é realmente a vida que quero para mim com relação a Roger. Continuarei adorando seus discos solo e continuarei ouvindo suas queixas e lamentos. Terei deja vus com suas músicas e sentirei sempre o cheiro das rosas de seus sussurros e berros...

   O disco em si é muito bem arranjado e tocado, produzido por Roger e masterizado por Bob Ludwig.

   See you in Maracanã 2018!!! 





5. BIG BIG TRAIN – GRIMSPOUND







   ‘’Grimspound’’ é um triunfo do rock progressivo, sendo este álbum uma referência atual para este gênero como um todo.

   É simplesmente divino para nós amantes da música boa ver um lançamento tão inspirado e moderno, contendo tudo que deve num disco de rock progressivo.

   Conheci a banda através deste disco e depois ouvindo seu antecessor “Folklore’’, além de outras músicas saltadas. Vislumbrei uma banda em evolução em sua musicalidade. O que era já muito bom, aqui ficou quase perfeito.

   É o 10º álbum desses ingleses e que apresenta uma musicalidade fascinante. David Longdon (vocais, flauta, teclas, guitarra e banjo) é o "maquinista" e tem em Nick D’Virgilio (renomado baterista da nova geração) um dos destaques.

   Realmente beirando a perfeição," Grimspound" tem teclados belíssimos. o disco nos brinda com um art rock à la Caravan e Wishbone Ash e um rock progressivo à la Genesis (inclusive a voz de Longdon lembra a de Peter Gabriel), parafraseando o que há de melhor atualmente na cena, ainda com referência celtas e medievais.

O violino marcante em todo disco, duelando com as guitarras, é o destaque dos arranjos, juntamente com uma sonoridade sinfônica e folk em alguns momentos.

O "corvo" voando lindamente e nós ouvindo o bater das asas de joelhos! 





6. WOBBLER – FROM SILENCE TO SOMEWHERE







   Eu nem sei por onde começar. São apenas 4 faixas, mas há muito para se falar dessa maravilha de viagem sonora. Eles são noruegueses, mas a sonoridade do progressivo inglês sobressai forte, com elementos de art rock e belíssimas variações no melhor estilo do prog da década de 70.

   As melodias intrincadas, mas bem inteligíveis como na suíte que abre o disco, me deixaram de queixo caído. “From Silence to Somewhere” é fantástica!!

   Influências como Yes, Pink Floyd, Van Der Graaf Generator, Caravan, Barclay James Harvest aparecem e o clima viajante que nos envolve através dos arranjos de teclados e guitarras aumentam quando se juntam a eles a flauta, o clarinete, a aguitarra barroca, o vibrafone e o Glockenspiel (instrumento percussivo que significa “jogo de sinos” em alemão). Tudo isso acompanhado por um trabalho excelente de bateria, elaboradíssimo.

   Aliás, todos os músicos se mostram bem entrosados, com os vocais por vezes mais agudos, ousando em variações melódicas das músicas. Vemos em ‘’Fermented Hours” muita melodia e também momentos mais rápidos e agressivos, em solos de guitarra e teclados perfeitamente harmônicos.

  Sem sombra de dúvida, em pouco tempo esse disco será considerado um verdadeiro clássico do rock progressivo!

  Uma viagem sem fim do silêncio para algum lugar.... Maravilhoso! 





7. STEVEN WILSON – TO THE BONE







   Direto, mas intrigante. Sutil, mas intenso. Melódico, diversificado, dançante.... Resumo assim essa obra que veio para abrir a mente de muitos que ainda relutam em ver e sentir incorporado em uma sonoridade mais sofisticada, elementos musicais menos intrincados. A simplicidade é bela! É um disco de excelência como tudo que já fez esse jovem gênio.

   Por que não se pode ser curto e reto e ao mesmo tempo criativo e genial? Steven Wilson provou aqui que pode sim. Esse álbum é tudo isso, com influências que o transformaram numa grande amálgama do rock dos últimos tempos. Impressionante o que ele conseguiu!!

   Tears for Fears, Radiohead, Kate Bush e David Bowie são alguns dos nomes que podem ser lembrados.

   E o que ele fez aqui com os arranjos de guitarras? Inigualável! Os teclados dão a base perfeita sem complicar e ao mesmo tempo, essa “cama” sonora te prende de forma impressionante. Ao passo também, que os outros instrumentos vão se incorporando e os teclados e guitarras vão dando “tonalidades” diferentes a cada canção, você percebe gradativamente as influencias e isso é viciante.... Por vezes até dançante (risos).

  " To the Bone" é um álbum mágico. Melódico demais e cativante até a última faixa. Cito “Refuge” e ‘’Pariah” como minhas prediletas, mas é tudo quase perfeito. 




8. THRESHOLD – LEGENDS OF THE SHIRES








   Que álbum longo, conceitual, progressivo, de metal e ah!, que álbum definitivamente maravilhoso!!

   Deu tudo certo. Músicas que se complementam muito bem, um guitarrista talentoso num momento de mega inspiração, os teclados contornando os riffs de guitarra com maestria. Um baterista preciso como um metrônomo e um baixista amparando tudo isso. E o vocal? Falemos sobre isso a parte.

   Depois do último bom álbum, Damian Wilson pulou fora. O cara é um dos melhores da atualidade. Daí chamaram o antigo vocalista que não cantava com os caras desde “Psychedelicatessen”, 2º álbum de 1994. E não é que Glynn Morgan mandou muito!! Mais muito mesmo! Trouxe um frescor para a banda que já passa dos 20 aninhos de carreira.

   Algumas faixas são cadenciadas, outras mostram mudanças de andamento bem colocadas, outras mostram duelos de teclados e guitarra melodiosos e fáceis de assimilar; tudo isso fazendo com que fosse possível a construção de um álbum gigante, de maneira natural e encaixada, sem perder a pegada. O passeio pelo "condado" é fantástico!!

   O conceito da obra fala sobre otimismo, obstáculos encontrados na vida cotidiana e resignação na velhice. O álbum é duplo, tanto o vinil quanto o CD e possui uma capa lindíssima. Uma obra de arte. É melodioso e pesado na medida certa.

   Esse disco não é uma lenda, mas sim uma mágica realidade de tão bom!! 





9. STEVE HACKETT – THE NIGHT SIREN







   Esse esplendoroso guitarrista criou algo singular aqui, apesar de muitos tentarem fazê-lo ultimamente. Um álbum multicultural! Uma viagem pelo mundo que vai acontecendo enquanto ouvimos “The Night Siren”.

   A partir do final da década de 90, Hackett começou a buscar este estilo, com sonoridade que passeia por vários lugares, se utilizando de instrumentos diferentes como a tabla, ou percussões tribais, bem como cítaras e violões flamencos.

   Temos tudo isso aqui. Canções com uma temática oriental (e eu gostei disso), canções mais puxadas para o AOR, mas sempre com elementos da World Music presentes ( ele gravou as músicas em vários lugares do mundo e compôs em viagens que fez e que trouxe alguma influência local).

   Destaque para “Behind the Smoke”, “Fifty Miles from the North Pole” (viagem a Islândia), “Other Side of the Wall” (muito Genesis aqui) e “The Gift”, uma bela canção de estilo neo progressivo, com lindos teclados e guitarra solo melódica.

   No mais, a maestria que aparece no uso das 6 cordas, se propaga nos solos e nas composições de forma moderna, mas ao mesmo tempo clássica. Sem abandonar sua raiz progressiva, Steve Hackett (aqui cantando muito bem), arrisca com muita inventividade e inspiração e nos brinda com um disco intrigante.

   Deixe tocar a "sirene" em alto em bom som!!! 





10. PRIDE OF LIONS – FEARLESS







   Estamos falando aqui de uma banda de AOR / Melodic Rock de quase 20 anos de estrada. Seu 5º álbum demorou quase 5 anos para sair do forno e quando veio a luz, poderia ser mais uma obra insossa de Melodic Rock. Ledo engano!

   Graças a Jim Peterik (vocal, teclas e guitarra) e seu fiel escudeiro, o vocalista Toby Hitchcock, além de um time de músicos tarimbados, temos aqui algo que defino como um deleite do rock melódico.

   De capa belíssima, ‘’Fearless’’ passeia sem medo por um universo melódico, ora mais cálido, ora mais rockeiro, mostrando guitarras de Peterik inspiradíssimas em dueto constante com os teclados.

   Os vocais de Hitchcock são límpidos e por vezes dobrados com o de Peterik, o que mostra todo o entrosamento da dupla que está desde o início neste projeto maravilhoso. Por vezes conseguimos perceber a influência de Freedie Mercury nas vocalizações de Toby, sem que soe como cópia. Os arranjos e composições ficam a cargo de Jim Peterik que desde os tempos de Survivor vem demonstrando uma capacidade para criar verdadeiras pérolas do AOR.

   Momentos fascinantes do álbum são “Silent Music” e “The Light in Your Eyes”. Passagens mais rápidas podemos encontrar em “Fearless”, por exemplo, que é um musicaço, além de baladas fantásticas como “Everlasting love” e a faixa que fecha esse ótimo álbum: “Unmasking The Mystery”.

   Que álbum emocionante e envolvente! Do início ao fim, ouça sem medo! 





MENÇÕES HONROSAS!!!


1. SONS OF APOLLO (“PSYCHOTIC SYMPHONY) – Quando se ouve o disco pela 1ª vez, você não dá muita bola. Mas com reouvidas, percebe-se que é “good stuff”!! Bumblefoot nas guitarras e Billy Sheehan no baixo "tiram onda". Soto cantando como sempre e Sherinian trazendo boas influências. Um prog metal com pitadas de hard rock de categoria, com destaque para “God of the Sun” que abre lindamente os trabalhos. Vale a paciência. Ouça de coração aberto.

2. THUNDER (“RIP IT OFF”) – Meus amigos vão ficar chateados por não ter entrado na lista... rs. Disco tão bom quanto seu antecessor, “Wonder Days”, este petardo Hard tradicional vem da Inglaterra recheado de riffs maravilhosos. É vibrante, com ótimos teclados e guitarras incendiárias. Lembra de longe AC/DC e de perto Y&T, Krokus, Great White e Bad Company. A banda é excelente (todos eles) e o álbum é uma aula de rock’ n’roll!

3. SNAKECHARMER (“SECOND SKIN”) – Formada em 2011 por Micky Moody e Neil Murray (Whitesnake) e tendo Laurence Wisefield – guitarra líder (Whishbone Ash), Harry James - baterista (Thunder) e Adam Wakeman – teclados, essa bandaça de Hard, AOR e R&B lançou seu 2º disco. Um rock’n’roll cadenciado à la AC/DC, Whitesnake e Foreigner. Temos melodias grudentas, com toque de blues e um Hard Rock atraente. Murray e Harry James estão numa cozinha afiada e Wakeman segura tudo nos teclados, para os dois guitarristas desfilarem seus riffs e melodias insinuantes e magnéticas. Você vai se surpreender com essa banda formidável!

4. NEIL YOUNG & THE PROMISE OF THE REAL (THE VISITOR) – Produzido nos estúdios de Rick Rubin (Slayer, The Cult, Tom Petty e AC/DC), e com participação da banda do filho de Willie Nelson, Lukas, é um disco que versa sobre política, meio ambiente e tem uma sonoridade menos suja que os álbuns com a Crazy Horse. Seu violão, gaita e sua guitarra inconfundível estão lá, afiadas e com toques de inspiração que não se via ultimamente. Não perca o velho canadense!

5. CARAVELA ESCARLATE (CARAVELA ESCARLATE) – Um trio de músicos competentíssimos do RJ levam esta nau progressiva com mãos firmes. Destaques para Ronaldo Rodrigues (teclados), que também está na ótima Arcpélago também do RJ e para Élcio Cáfaro (bateria). Viajam entre o Prog Sinfônico e o Jazz Rock (de leve) e também passam por bandas brazucas como O Terço. O som viajante e criativo desta excelente banda vai dar o que falar. Não deixem de ouvir “Planeta Estrela”. Você vai navegar por mares siderais e águas melódicas à la Yes, com direito a solo de Hammond e show de baixo e guitarra de David Paiva. Brasil!!!!

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